segunda-feira, 25 de junho de 2007



Foto: JORGE PAULA/CORREIO DA MANHÃ







João Goulão continua preocupado com a situação da propagação do consumo de droga entre os mais jovens, embora admita que existe uma «estabilização e até retrocesso»







SOCIEDADE







O presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência afirma ao Destak que os consumos de droga em meio escolar tendem a estabilizar. Contudo, o uso de cocaína está a aumentar entre os jovens adultos, acrescenta o especialista, no âmbito do Dia Mundial das Drogas Ilícitas, que se assinala amanhã.







Patrícia Susano Ferreira pferreira@destak.pt







Considera que o consumo de drogas continua a aumentar em Portugal?






Segundo uma análise preliminar de um estudo realizado em meio escolar, cujos resultados serão apresentados em Setembro, a primeira impressão é de estabilização do consumo e até mesmo de retrocesso.






Esta estabilização foi possível por uma maior consciencialização dos jovens?






Sim. Os adolescentes têm hoje uma maior capacidade de fazerem escolhas individuais que são a prova da sua consciencialização para o problema.







O tipo de consumo entre os jovens continua a ser o mesmo?






Os padrões mudaram. A utilização de droga começa a ter um tipo de característica mais utilitária, com um objectivo mais imediato, como é o caso do consumo de drogas apenas em festas, sem ser uma dependência.







Continua a confirmar-se o mito de que o haxixe não faz mal?






A maioria dos jovens entendem o haxixe como uma substância inócua e inofensiva, o que não corresponde à realidade. O haxixe está presente em Portugal há mais de 30 anos e está a começar a ser tão admitido como é o álcool.







Quais são os consumos de cocaína no País?O uso de cocaína contraria o das restantes drogas, porque ainda é associado ao glamour, aos artistas e ao dinheiro. A ideia que as pessoas têm é que esta droga não deve fazer muito mal. Contudo, esse é um grande engano, porque a cocaína cria uma compulsão fortíssima e uma ávida dependência. Para além disso, pode provocar patologias mentais mais ou menos graves, como a esquizofrenia e as psicoses, e ainda causar problemas físicos em termos cardíacos.






Quanto ao uso de heroína, verifica-se alguma mudança?






A heroína é uma droga desprestigiada entre a juventude e o seu consumo tem sofrido uma clara diminuição. Não há muitas novas entradas de dependentes desta droga.







Quantos portugueses são dependentes de heroína?






Só durante o ano de 2006, deslocaram-se aos centros de ajuda cerca de 35 mil pessoas, 90% destas com problemas relacionados com a heroína. Mas estima-se que sejam 60 mil os afectados em todo o País.







Para quando as salas de chuto em Lisboa?A implementação das salas de chuto estava a ser discutida com a Câmara de Lisboa, mas neste momento as negociações estão suspensas. Vamos ter de esperar pelas eleições para podermos avançar com esta solução.







E em relação à troca das seringas nas prisões portuguesas?Esse projecto está na iminência de ser aprovado e pode vir a ser aplicado já no próximo mês.







Visto ser proibido fazer entrar droga nas prisões, esta medida não é contraditória?Apesar dos esforços, a droga continua a entrar nas prisões e esta é a única forma do recluso garantir a sua integridade física e a dos outros, evitando infecções, como por exemplo por HIV.

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