Foto: JORGE PAULA/CORREIO DA MANHÃ
João Goulão continua preocupado com a situação da propagação do consumo de droga entre os mais jovens, embora admita que existe uma «estabilização e até retrocesso»
SOCIEDADE
O presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência afirma ao Destak que os consumos de droga em meio escolar tendem a estabilizar. Contudo, o uso de cocaína está a aumentar entre os jovens adultos, acrescenta o especialista, no âmbito do Dia Mundial das Drogas Ilícitas, que se assinala amanhã.
Patrícia Susano Ferreira pferreira@destak.pt
Considera que o consumo de drogas continua a aumentar em Portugal?
Segundo uma análise preliminar de um estudo realizado em meio escolar, cujos resultados serão apresentados em Setembro, a primeira impressão é de estabilização do consumo e até mesmo de retrocesso.
Esta estabilização foi possível por uma maior consciencialização dos jovens?
Sim. Os adolescentes têm hoje uma maior capacidade de fazerem escolhas individuais que são a prova da sua consciencialização para o problema.
O tipo de consumo entre os jovens continua a ser o mesmo?
Os padrões mudaram. A utilização de droga começa a ter um tipo de característica mais utilitária, com um objectivo mais imediato, como é o caso do consumo de drogas apenas em festas, sem ser uma dependência.
Continua a confirmar-se o mito de que o haxixe não faz mal?
A maioria dos jovens entendem o haxixe como uma substância inócua e inofensiva, o que não corresponde à realidade. O haxixe está presente em Portugal há mais de 30 anos e está a começar a ser tão admitido como é o álcool.
Quais são os consumos de cocaína no País?O uso de cocaína contraria o das restantes drogas, porque ainda é associado ao glamour, aos artistas e ao dinheiro. A ideia que as pessoas têm é que esta droga não deve fazer muito mal. Contudo, esse é um grande engano, porque a cocaína cria uma compulsão fortíssima e uma ávida dependência. Para além disso, pode provocar patologias mentais mais ou menos graves, como a esquizofrenia e as psicoses, e ainda causar problemas físicos em termos cardíacos.
Quanto ao uso de heroína, verifica-se alguma mudança?
A heroína é uma droga desprestigiada entre a juventude e o seu consumo tem sofrido uma clara diminuição. Não há muitas novas entradas de dependentes desta droga.
Quantos portugueses são dependentes de heroína?
Só durante o ano de 2006, deslocaram-se aos centros de ajuda cerca de 35 mil pessoas, 90% destas com problemas relacionados com a heroína. Mas estima-se que sejam 60 mil os afectados em todo o País.
Para quando as salas de chuto em Lisboa?A implementação das salas de chuto estava a ser discutida com a Câmara de Lisboa, mas neste momento as negociações estão suspensas. Vamos ter de esperar pelas eleições para podermos avançar com esta solução.
E em relação à troca das seringas nas prisões portuguesas?Esse projecto está na iminência de ser aprovado e pode vir a ser aplicado já no próximo mês.
Visto ser proibido fazer entrar droga nas prisões, esta medida não é contraditória?Apesar dos esforços, a droga continua a entrar nas prisões e esta é a única forma do recluso garantir a sua integridade física e a dos outros, evitando infecções, como por exemplo por HIV.
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