sábado, 19 de julho de 2008

Amorim: países ricos adotam estratégia nazista na OMC












Agencia Estado







O Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, deixou de lado a sutileza diplomática na véspera da reunião de negociação comercial global e disse hoje que os países ricos adotam uma estratégia de desinformação similar a utilizada pelo chefe de propaganda nazista Joseph Göbbels. "Desculpem-me por citar o autor", disse Amorim aos repórteres na sede da Organização Mundial de Comércio (OMC), em Genebra, Suíça, onde representantes de 24 países vão se reunir amanhã para tentar dar impulso a conclusão da Rodada Doha de negociações comerciais.








Amorim afirmou que os Estados Unidos, a Europa e outras economias ricas têm deturpado as negociações comerciais da Rodada Doha tão freqüentemente que a percepção pública se tornou totalmente distorcida. As negociações têm falhado desde seu início, em 2001, com o objetivo de tirar milhões de pessoas ao redor do mundo da pobreza por meio da expansão comercial.








Os países mais pobres demandam cortes nas tarifas agrícolas e nos subsídios concedidos pelos países ricos aos seus produtores, dizendo que eles atrasam o desenvolvimento do Terceiro Mundo. Em troca, os países ricos insistem em obter melhor acesso para seus produtos industriais e serviços nos mercados em desenvolvimento.








"Göbbels costumava dizer que se você repetir uma mentira várias vezes, ela se torna uma verdade", disse Amorim. O chanceler brasileiro lembrou que os países ricos estão empregando esta tática ao descrever as concessões agrícolas que eles afirmam que estão dispostos a fazer, ao mesmo tempo que criticam os países mais pobres de se recusarem a liberalizar seus mercados industriais. "Me faz lembrar de Göbbels", afirmou o chanceler brasileiro.






www.atarde.com.br/economia/noticia.jsf?id=918341

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Protógenes deve indiciar Dantas e mais 12 antes de sair









da Folha de S.Paulo

O banqueiro Daniel Dantas e mais 12 pessoas, incluindo sua irmã, Verônica, e sua mulher, Maria Alice, deverão ser indiciados hoje pelo delegado Protógenes Queiroz por suposta gestão fraudulenta, investigada pela Operação Satiagraha.

As principais suspeitas contra o banqueiro giram em torno da manutenção e gestão do Opportunity Fund, nas Ilhas Cayman, e da falta de comunicação aos órgãos públicos e de controle interno de movimentações financeiras atípicas nas contas de correntistas do banco Opportunity.

Os advogados de Daniel Dantas e do grupo Opportunity têm negado irregularidades na gestão das empresas.

Segundo as investigações da Polícia Federal, Dantas estava legalmente proibido de organizar e gerir, a partir de meados da década de 90, o fundo das Ilhas Cayman, criado para participar da privatização de companhias estatais brasileiras.

Dantas e outros funcionários do banco foram intimados a comparecer hoje à sede da PF, em São Paulo, por volta das 10h. Caso Dantas não apareça, poderá ser indiciado à revelia. Queiroz deverá deixar hoje o comando da Operação Satiagraha. Outros dois inquéritos que surgiram dela passarão a ser presididos por outros delegados escolhidos pela direção geral da PF, em Brasília.

O crime de gestão fraudulenta de instituição financeira é previsto na lei federal 7.492/86, que trata dos crimes contra o sistema financeiro nacional. Prevê como pena reclusão de 3 a 12 anos, e multa.

O indiciamento é um ato policial pelo qual o presidente do inquérito conclui haver suficientes indícios de autoria e materialidade do suposto crime. O indiciamento não significa culpa ou condenação.

Após o indiciamento, que costuma ser o ato final do trabalho do policial, o inquérito é analisado pelo Ministério Público Federal, que decide se apresenta ou não denúncia à Justiça Federal.

Além do banqueiro, sua irmã e sua mulher, deverão ser indiciados hoje os funcionários ou sócios do grupo Opportunity Carlos Rodenburg, Arthur Joaquim de Carvalho, Danielle Ninnio, Dorio Ferman, Norberto Aguiar, Eduardo Penido, Maria Amália Coutrim, Rodrigo de Andrade, Itamar Benigno Filho e Paulo Moysés.

"Suborno"

O indiciamento de hoje deverá ser o segundo de Dantas no âmbito da Operação Satiagraha. O primeiro ocorreu sob a acusação do crime de corrupção. Anteontem, Dantas e assessores foram denunciados pelo Ministério Público Federal por supostamente terem promovido a tentativa de subornar o delegado da PF Victor Hugo Ferreira.

Após 16 dias de negociação, um assessor de Dantas, Humberto Braz, ex-diretor da Brasil Telecom Participações, e o professor universitário Hugo Chicaroni, ambos presos hoje, teriam oferecido até US$ 1 milhão para que o delegado tirasse da investigação os nomes do banqueiro, de Verônica e de sua mulher.



www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u423582.shtml

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Vice de Kirchner causa crise no governo ao derrubar imposto agrícola









Fazendeiros e partidário se manifestam com a foto do vice-presidente argentino Julio Cobos



BUENOS AIRES (AFP) — A presidente argentina Cristina Kirchner sofreu nesta quinta-feira uma dura derrota no Senado, que derrubou seu projeto de imposto às exportações de alimentos justamente com o voto de minerva de um parlamentar de suas próprias fileiras, o vice-presidente da República, Julio Cobos.

O Senado derrubou a iniciativa governamental peronista que tentava redistribuir as rendas e assegurar preços internos baixos para os alimentos através de uma maior pressão fiscal sobre as exportações de grãos e manufaturas agroindustriais, que este ano alcançam os 35 bilhões de dólares.

No entanto, para que fiquem sem efeito os procedimentos de tributação proposto para soja e cereais é preciso elaborar um decreto ou uma resolução do Poder Executivo para revogar a resolução do ministério da Economia, que a colocou em andamento em março, desencadeando uma histórica rebelião no setor rural.

Foi o vice-presidente Cobos, um dissidente da opositora União Cívica Radical (UCR, social-democrata), que desencadeou a suposta crise vetando a lei ao quebrar uma paridade de 36 votos no recinto da câmara alta, da qual é titular por norma constitucional e, por isso, tem direito de desempatar uma votação.

"Não estou traindo a presidente. Que envie outro projeto. Quero que se chegue a um consenso. A história me julgará", afirmou o vice, aliado de Kirchner até esta quinta, quando causou ao governo esta dura derrota parlamentar.

Cobos, de fato, passou assim para o lado da oposição, aliada dos patrões agropecuários contra o plano de governo de arrecadar apenas por direitos alfandegários 11 bilhões de dólares dos 24 bilhões de dólares da colheita de soja.

Momentos antes, o chefe do bloco de senadores no poder, Miguel Pichetto, disse que seria 'inacreditável que um vice-presidente votasse contra seu próprio governo, salvo que quisesse enfraquecê-lo, feri-lo de morte ou começar a aniquilá-lo".

"O vice-presidente causou um dano muito importante a seu Governo", alfinetou Pichetto ao terminar a sessão.

As autoridades do governo e seus habituais porta-vozes se mantiveram em silêncio depois da tensa votação.

Falando posteriormente à imprensa, Cobos desmentiu que tenha provocado uma crise política ao votar contra o imposto e que tenha a intenção de renunciar ao cargo.

"Não me passa pela cabeça renunciar. Seria trair a vontade popular, já que fui eleito de forma conjunta com a presidente e com igual quantidade de votos. Crise política seria minha renúncia e não vou renunciar", enfatizou.

O analista Rosendro Fraga opinou que a posição do vice-presidente confirma a divisão dentro do oficialismo e que a presidente Cristina Kirchner "vai ter mais governabilidade se aproximando mais de Cobos".

"A governabilidade não está em jogo. O que Cobos fez não foi votar contra o governo e sim a favor de uma Argentina que necessita de acordos e consensos. Estamos numa Argentina muito dividida", analisou, por sua vez, a consultora Graciela Rommer.

O líder da opositora União Cívica Radical (UCR), Gerardo Morales, falando à imprensa, garantiu que não há uma situação de golpe de Estado.

"A estabilidade do mandato de governo não está em perigo. Não há situação de golpe de Estado. Não há 'grupos de tarefas'. É preciso dialogar e reconhecer os que pensam diferente", afirmou o senador Morales.

O ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) afirmou nesta semana, em um comício, que havia setores golpistas entre seus partidários e tentativas de destituir a presidente.

A última crise causada por um vice-presidente ocorreu durante o governo do conservador radical Fernando de la Rúa (1999-2001), que caiu em meio a uma rebelião popular, um ano e meio depois da renúncia de seu companheiro de fórmula, o centro-esquerdista Carlos Alvarez.

Néstor Kirchner, marido da presidente, assegurou que o Governo respeitaria a decisão do Congresso, e reiterou que o objetivo oficial é impedir que 'na mesa dos argentinos pesem os preços internacionais dos alimentos'.

Os Kirchner converteram a lei de impostos às exportações na pedra angular de seu governo, com o argumento de que se trata de um plano de redistribuição da riqueza, em um país que ainda tem 12 milhões de pobres, numa população de 40 milhões de pessoas.

A Argentina é o primeiro exportador mundial de farinhas e azeites de soja, o quarto de trigo, o segundo de milho e o terceiro em grãos de soja, segundo a secretaria de Agricultura dos Estados Unidos.

Após a votação, as comemorações tomaram conta durante o amanhacer desta quinta em Palermo, onde estavam concentrados os líderes ruralistas que mantiveram o confronto com o governo por causa da medida para aumentar substancialmente os impostos e aplicar uma tabela flutuante, cuja taxa aumentava à medida que os preços internacionais aumentassem.

A metade da colheita agrícola total do país, de cerca de 100 milhões de toneladas na safra 2007-2008, continuava retida nesta quinta pelos agricultores, atacadistas e exportadores que argumentavam a incerteza e o mal-estar causados pelo projeto.

A iniciativa, segundo a argumentação oficial, visava a gerar fundos adicionais de imposto para construir hospitais, moradias e estradas no interior.

A soja ocupa mais de 50% da superfície cultivada na Argentina e é considerada o 'ouro verde' do século XXI' no país, onde nos últimos meses toda a oposição se uniu aos agricultores para realizar gigantescas manifestações contra a proposta tributária do governo.



http://afp.google.com/article/ALeqM5haN4rME3Kza49cw8c2reg9o3oXGA

quarta-feira, 16 de julho de 2008

ONU afirma que responderá a ataque à missão conjunta em Darfur










da Efe, em Nova York

O Conselho de Segurança da ONU afirmou hoje que atuará contra os responsáveis pelos ataques a patrulhas da missão de paz conjunta com a União Africana (UA) em Darfur (Unamid), que mataram oito soldados da organização, no total, e feriram outros 22.

Aos sete mortos no ataque de 8 de julho contra a missão da ONU soma-se um militar que morreu hoje em outra emboscada.

Os 15 membros do principal órgão da ONU condenaram e qualificaram de "inaceitável" o ataque sofrido em 8 de julho pela patrulha por 200 agressores não identificados que estavam à cavalo e em 40 veículos fortemente armados.

"O Conselho manifesta particular preocupação com o fato de que o ataque foi premeditado, deliberado e tivesse como objetivo causar baixas", indica.

A declaração respalda a investigação iniciada pelas Nações Unidas e pede ao governo do Sudão para garantir que sejam identificados os responsáveis da emboscada e que eles sejam levados à Justiça.

"O Conselho ressalta a determinação de atuar contra estes responsáveis após conhecer o resultado da investigação da Unamid", ressalta.

O órgão lembra que qualquer ataque às forças de paz da ONU pode constituir um crime de guerra e pede a todas as partes que respeitem o direito humanitário internacional.

Crime de guerra

"O Conselho ressalta que qualquer agressão ou ameaça contra a Unamid é inaceitável e exige que não volte a ocorrer", reitera o texto.

Os integrantes do principal órgão tornaram pública sua condenação ao ataque após escutar um relatório do subsecretário para a Manutenção da Paz, Jean Marie Guehénno, sobre a situação da força internacional em Darfur.

Guehénno informou aos membros do órgão em reunião a portas fechadas da morte de outro militar da missão em um novo ataque a uma patrulha de militares da ONU e da UA em Darfur, segundo precisou a porta-voz da ONU, Marie Okabe.

O governo sudanês afirmou após a emboscada de 8 de julho que um dos maiores grupos rebeldes de Darfur estava por trás da agressão, mas fontes diplomáticas questionaram a versão pela potência e a sofisticação do armamento empregado.

O embaixador do Reino Unido, John Sawers, assegurou na saída da reunião que é preciso esperar que se conclua a investigação, mas ressaltou que os atacantes empregaram "armas que não tinham sido vistas antes" na região.

Ele anunciou que o país fez circular hoje no Conselho um projeto de resolução para renovar o mandato da Unamid, que expira em 31 de julho.

"Encontramo-nos em uma situação grave e o Conselho ressaltará o completo respaldo a esta missão nestes momentos difíceis", apontou.

Sawers assegurou que "ninguém fica feliz" com que, sete meses após o desdobramento, somente 40% dos 20 mil soldados que deveriam integrar a missão estejam no Sudão.

Ele agradeceu a promessa do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de contar com 80% da força desdobrada até o final de 2008.


www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u423081.shtml

terça-feira, 15 de julho de 2008

"A Miss Vietnã era inferior às demais, mas foi para a final ", diz Natália Anderle









A Miss Brasil conversou com o jornal "O Dia" sobre sua desclassificação no Miss Universo

Quem Online

Divulgação
Natália: não foi dessa vez

Em entrevista ao jornal “O Dia” desta terça-feira (15), a miss Brasil Natália Anderle comentou diretamente do Vietnã o resultado do concurso Miss Universo, realizado no domingo (13).

A representante brasileira, que não se classificou para a final do concurso, conta que ficou decepcionada com o resultado. “Fiquei muito triste, chateada mesmo. Esperava ficar entre as 15 finalistas. Dei o melhor de mim e cheguei aqui como uma das favoritas”.

Segundo a publicação, a gaúcha afirmou que os jurados tomam suas decisões baseados em critérios subjetivos. “Cabeça de jurado é complicada. A Miss Vietnã, por exemplo, era muito inferior às demais concorrentes, mas passou para a final porque seu país sediou o evento”, disse.

Embora esteja desapontada por não ter vencido, Natália não poupou elogios a venezuelana Dayana Mendonza, que levou o título de mulher mais bonita do mundo. “Ela trabalhou muito pelo título desde que chegou, é comunicativa e soube fazer a social. Fico feliz por ela”, contou.

Quando voltar ao Brasil, Natália pretende fixar residência no Rio de Janeiro. “Tenho muitas propostas de trabalho, mas primeiro vou cumprir minha agenda de Miss Brasil”, finalizou.






http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/0,,EMI8074-9531,00-A+MISS+VIETNA+ERA+INFERIOR+AS+DEMAIS+MAS+FOI+PARA+A+FINAL+DIZ+NATALIA+ANDER.html

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Betancourt diz que quer "desaparecer" por alguns dias








da Ansa

A dirigente política franco-colombiana Ingrid Betancourt reiterou hoje que pretende "desaparecer" por algumas semanas com seus filhos, Melanie e Lorenzo Delloye, na tentativa de se reencontrar plenamente com a família.






"Agora vou tirar uma semana. Vou sair de onde estou (na França) e ir para o campo. Depois, vou sair com meus filhos para umas férias durante algumas semanas para ficar só com eles, para voltar a ser mamãe", disse Betancourt à rádio colombiana Caracol, desde Paris. "Tenho essa sede de voltar a reconstruir os laços de amor com eles (meus filhos)."





Betancourt foi resgatada no último dia 2 de julho junto a outros 14 reféns pelo exército colombiano em uma operação em que militares se infiltraram no local de cativeiro das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).





A ex-candidata presidencial comentou que "estava preparada para mais quatro anos de seqüestro, de modo que eu não tenho nada (em vista para um futuro próximo)", além de continuar a luta pela libertação de outros reféns e pela paz no país.





"O que quero fazer primeiro é voltar a ter uma vida, porque quando me libertaram, caí de pára-quedas na minha família que, como toda família, tem rotinas, tem suas agendas, suas vidas", expressou.





A ex-refém afirmou que continuará "trabalhando a cada dia com mais esforço" para a libertação dos 23 reféns políticos ainda em poder das Farc, para "conseguir conquistar a paz na Colômbia".



www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u422258.shtml

domingo, 13 de julho de 2008

O poderio do Irã







Logo após a realização dos testes com nove mísseis de médio e longo alcance (e antes de saber que as fotografias do foguetório foram ''maquiadas'') pela Guarda Revolucionária do Irã, na terça-feira, o secretário da Defesa Robert Gates viu-se na obrigação de declarar - para tranqüilizar os países da região e o mercado do petróleo - que os Estados Unidos não pensam em um confronto armado com Teerã. Afirmou, no entanto, que os testes provam que o Irã é uma ameaça, o que justificaria a instalação de um sistema de defesa antimísseis na Europa Oriental. O comandante da Guarda Revolucionária iraniana, por sua vez, explicou que o objetivo dos testes foi ''mostrar que estamos prontos para defender a integridade da nação iraniana. Advertimos os inimigos que tentam nos ameaçar com exercícios militares e operações psicológicas sem sentido de que nossos dedos sempre estarão no gatilho e nossos mísseis, prontos''.








Referia-se o general Hossein Salami à grande manobra, envolvendo cem aviões, que Israel fez, há um mês, no Mediterrâneo, e que foi apresentada como um exercício para um eventual ataque às instalações nucleares do Irã; às manobras iniciadas na véspera do lançamento dos mísseis pelas marinhas dos EUA, do Reino Unido e de Bahrein, no Golfo Pérsico; e à assinatura, também no dia anterior, do acordo entre os EUA e a República Checa para a construção de um sistema na Europa Oriental para interceptar mísseis intercontinentais lançados pelo Irã e pela Coréia do Norte.








Dedos no gatilho e forças armadas mobilizadas em zona de conflito podem levar a guerras indesejadas. O Irã é, de fato, um país que precisa ser contido. É uma ameaça constante e declarada a Israel, financia e arma grupos terroristas no Oriente Médio, sustenta facções na guerra que se trava no Iraque entre seitas islâmicas e entre estas e as tropas ocidentais de ocupação e desenvolve um programa nuclear que pode resultar na construção da bomba atômica. Mas nenhuma dessas ameaças pode ser conjurada, neste momento, pelo emprego de força militar.








Há cerca de um ano, militares que trabalharam no planejamento de uma ação para, eventualmente, destruir as instalações nucleares iranianas, vazaram informações que davam conta de que aquele objetivo não poderia ser alcançado apenas com ataques aéreos, sendo necessária a invasão do Irã por tropas terrestres - e que os Estados Unidos e seus aliados não dispunham de recursos humanos e materiais para concluir a missão com um número considerado aceitável de baixas.








Assim, resta ao Ocidente continuar mantendo a pressão política sobre o Irã. Enquanto perdurar em Teerã o regime dos aiatolás, é altamente improvável que cesse o patrocínio iraniano aos grupos terroristas e às facções no Iraque. Mas o Irã pode eventualmente ser levado, por meio de negociações, a abandonar o seu programa nuclear.








É o que está ocorrendo, por exemplo, com a Coréia do Norte, cujo programa atômico é muito mais avançado do que o iraniano. Desde 2005, em negociações com um grupo de seis países, Pyongyang comprometeu-se em três ocasiões a interromper seu programa nuclear, em troca de ajuda energética, financeira e alimentar, privilégios comerciais e o fim do isolamento político do país. Não cumpriu aquelas promessas, mas, agora, o governo de Kim Jong-il, finalmente, está entregando aos negociadores um inventário de suas atividades nucleares, comprometeu-se a não exportar tecnologia e, num gesto simbólico, explodiu a chaminé do reator de Yongbyon.








Resultados parecidos podem ser obtidos no Irã - é claro que com muito trabalho para vencer as desconfianças de parte a parte. Estão em curso negociações entre Teerã e um grupo de seis países, liderados pela União Européia, e o esquema básico das conversações é idêntico ao que está dando resultado na Coréia do Norte. Em resumo, o Irã abandona um programa de desenvolvimento tecnológico que pode levar à posse da bomba atômica e se compromete a respeitar o regime de não-proliferação e, em troca, o Ocidente garante o fornecimento firme de combustível nuclear para fins pacíficos, suspende algumas das sanções econômicas que estrangulam o crescimento do país e afrouxa o seu isolamento político. É, para todos, uma alternativa melhor que a guerra.






www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080713/not_imp204996,0.php