Thabo Mbeki, que participou na primeira sessão plenária da Cimeira UE/África no debate sobre «boa governação e direitos humanos», disse que os líderes africanos presentes na reunião de Lisboa têm responsabilidades sobre milhões de pessoas, especialmente a população pobre que constitui uma fatia importante.
«Estamos determinados a fazer todos os possíveis para assegurar que estas massas escapem às garras da pobreza, ao subdesenvolvimento e à desumanização o mais breve possível», adiantou.
Nesse sentido, considerou que a boa governação e o respeito pelos direitos humanos são fundamentais para atingir esses objectivos, estando por isso os líderes africanos atentos à experiência de África enquanto continente.
«Como continente não queremos voltar aos dias de ditadura que puseram populações na pobreza», salientou, adiantando que é necessário «tirar lições dessa experiência».
Thabo Mbeki salientou igualmente que o continente africano está «arduamente a trabalhar» para conseguir pôr em prática a boa governação e os direitos humanos.
O Presidente sul-africano destacou que os documentos aprovados pela União Africana (UA) obrigam os países membros da UA a respeitarem a liberdade de imprensa, o acesso à informação, a luta contra a corrupção e a promoverem a participação na sociedade.
Thabo Mbeki chamou a atenção para a necessidade de existirem instituições que garantam a boa governação e o respeito pelos direitos humanos, apesar de ter salientado a existência de organizações, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Comissão dos Direitos Humanos, os mecanismos de prevenção de combate à corrupção e os objectivos do milénio.
O Presidente sul-africano destacou ainda a Parceria conjunta que vai ser aprovada na cimeira de Lisboa.
«A nova parceria é muito relevante. Devemos discutir o que devemos fazer juntos para respeitar os direitos humanos, boa governação, combate à pobreza e desenvolvimento sustentável», salientou.
A II Cimeira UE/África, que reúne em Lisboa cerca de uma centena de chefes de Estado e/ou de Governo africanos e europeus, deverá aprovar uma Parceria Estratégica sem precedentes, que regulará, a longo prazo, as relações políticas, económicas e comerciais entre os dois continentes.
Naquela que é a maior reunião política de alto-nível realizada na Europa nas últimas décadas, a Cimeira deverá ainda adoptar o primeiro Plano de Acção, com projectos a executar, no curto prazo (2008-2010), entre os dois continentes, o qual prevê mecanismos de controlo de aplicação e de acompanhamento.
Os líderes europeus e africanos deverão ainda aprovar um documento de natureza política, que será designado por Declaração de Lisboa.
A realização da segunda Cimeira euro-africana era uma das três grandes prioridades da actual presidência portuguesa da UE, que se iniciou em Julho e termina no final deste mês.
Na organização da cimeira assumiu particular relevo o braço-de-ferro entre o Reino Unido e o Zimbabué, com o primeiro-ministro britânico, Gordon Browm, a recusar-se a vir a Lisboa devido à presença do chefe de estado zimbabueano, Robert Mugabe, cujo regime é alvo de sanções europeias por autoritarismo e violações dos direitos humanos.
A primeira Cimeira UE/África realizou-se em Maio de 2000, no Cairo, durante a anterior presidência portuguesa do bloco europeu.