terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Opep se reúne amanhã dividida sobre possível aumento da oferta

Agência EFE



Abu Dhabi - A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) se reúne, nesta quarta-feira, nos Emirados Árabes Unidos (EAU), dividida entre aumentar o fornecimento de petróleo em pelo menos 500 mil barris diários ou deixar tudo como está, diante da incerteza sobre a economia mundial e da grande volatilidade dos preços atuais.




Às vésperas da 146ª conferência ministerial da Opep, a situação lembra a da última reunião do grupo, em 11 de setembro deste ano, em Viena, quando a Arábia Saudita convenceu os outros 12 membros de sua proposta de aumentar a cota oficial de produção de 25,8 para 27,5 milhões de barris diários (mbd) a partir de novembro.




O aumento real foi menor, de 500 mil barris diários, pelo fato de os membros do grupo já estarem produzindo acima da cota conjunta de produção de dez dos países-membros (todos, exceto Iraque, Angola e Equador).




Segundo um cálculo publicado nesta terça-feira pela consultoria especializada PVM, o grupo bombeou, em novembro, 27,27 mbd, enquanto que com Angola, Iraque e Equador, a produção total da organização chegou a 31,88 mbd.




Os comentários dos ministros dos países-membros que chegaram ontem e hoje a Abu Dhabi, onde acontecerá a conferência, foram quase idênticos aos de Viena: não há escassez de petróleo, a oferta é abundante, os altos preços se devem a fatores alheios à oferta e à demanda.




A diferença é que a cotação do barril de petróleo estava então a menos de US$ 80 e agora beira os US$ 90, após ter batido o recorde de US$ 99,29 para o Petróleo Intermediário do Texas (WTI, leve), de referência nos Estados Unidos, no último dia 21.




Mas a Opep tem tido desentendimentos sobre a escalada, relacionando-a a uma grande atividade de especulação nos mercados de futuros desencadeada pela forte queda do dólar, pelos conflitos de Irã, Iraque e Nigéria, e pela incerteza gerada pela crise hipotecária nos EUA.




- Não temos nada a ver com os preços - disse o ministro de Petróleo e Recursos Minerais saudita, Ali bin Ibrahim al-Naimi, ao chegar em Abu Dhabi na segunda-feira.




Entretanto, segundo fontes oficiosas, a Arábia Saudita defende voltar a abrir as torneiras para contribuir com a diminuição no preço do petróleo e frear a inflação nos países consumidores, o que pode afetar a demanda energética.




Um chefe de delegação que pediu anonimato disse que duas opções estão sendo discutidas: deixar as coisas como estão até a próxima reunião ou elevar a produção em 500 mil barris diários como medida política, "só para evitar que a Opep seja acusada de ser a responsável pelo aumento dos preços".




Naimi disse que "todas as opções estão abertas" e que só nesta quarta-feira, após o estudo dos últimos dados do mercado, o resultado da reunião será conhecido.




Para o ministro de Energia e Petróleo venezuelano, Rafael Ramírez, a Opep deve ver "as coisas com cuidado" porque ainda se acredita que "há bastante petróleo no mundo". Ele acrescentou que "o preço caiu 11% em poucos dias. É uma clara indicação da especulação".




A Venezuela - junto com Argélia, Equador, Catar, Irã e Líbia - integra o grupo de países que expressaram oposição a aumentar a oferta.




O chefe da delegação líbia, Shokri Ghanem, disse que o mercado está equilibrado atualmente e não requer mais barris, mas reconheceu que essa visão não abrange o futuro.




- Se o mercado precisar de petróleo, terá - ponderou.




Os observadores do setor também andam divididos: alguns prevêem que a Opep deixará tudo como está e outros asseguram que não há outra opção para o grupo a não ser aumentar a produção, diante das pressões dos países consumidores e da temporada de alto consumo de petróleo com o inverno no hemisfério norte.




- Duvido que realmente haja uma decisão de aumento (da produção), e, se ela existir, não será exagerada - disse o analista mexicano Raúl Cardoso, assessor da estatal mexicana Pemex.




Seu compatriota Alejandro Barbajosa, da publicação especializada "Argus Media", previu hoje que a Opep deve aumentar a oferta em 500 mil barris diários como medida política. Já o analista independente Kamel al-Harami falou que "ninguém sabe como a economia vai evoluir nos próximos dois meses e seria prematuro fazer algo agora".




Seu colega John Hall disse esperar "um anúncio de que a produção aumentará 1 milhão de barris diários", pois caso contrário os preços romperão a barreira dos US$ 100 por barril.



do Site:

http://oglobo.globo.com/economia/mat/2007/12/04/327445789.asp

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