Em 1992, depois de derrota em Iowa, Bill Clinton venceu e foi o candidato democrata.
Hillary Clinton chega à primária democrata de New Hampshire, nesta terça-feira, numa situação parecida com a de seu marido Bill Clinton em 1992: esperando uma volta por cima, depois de um mau começo em Iowa.
Há 16 anos, Bill conseguiu se recuperar do fracasso de Iowa, chegando em segundo lugar em New Hampshire e pavimentando a arrancada para a indicação democrata.
A façanha lhe rendeu o apelido de "Comeback Kid" (ou "Garoto Volta Por Cima", em tradução livre).
Mas, desta vez, as circunstâncias são diferentes.
Em 1992, o o vencedor em Iowa havia sido o senador local Tom Harkin, que corria por fora.
Na semana passada, a vitória ficou com o senador Barack Obama, que arrecadou tanto quanto Hillary Clinton, tem uma organização nacional e, como a reação à sua vitória em Iowa destacou, superou a pré-candidata em animação e ímpeto.
Voto jovem
Hillary reconheceu seus erros e está tentando conquistar os eleitores mais jovens, que apoiaram Obama em Iowa. Mas a dúvida é se os poucos dias entre as duas disputas foram suficientes para mudar percepções e convencer um partido democrata em busca de mudança que ela é a melhor opção.
É óbvio que New Hampshire - onde os Clinton têm raízes mais fortes - não é Iowa.
Mas os laços dos Clintons em New Hampshire estão sendo testados pelo ímpeto de Obama e pela crença de que este Estado pode ser decisivo, de que uma segunda vitória de Obama pode decidir quem será o candidato democrata.
Isso não deve acontecer - a campanha de Hillary tem muito dinheiro e também muita organização no país inteiro. Mas, se Obama conseguir uma vitória convincente, o nervosismo no lado de Hillary será maior.
E o outro pré-candidato, John Edwards? Apesar de o ex-senador ter chegado à frente de Hillary em Iowa, ele investiu a maior parte de seu dinheiro e esforço naquele Estado. Seu discurso populista e contra as grandes corporações não funciona bem em New Hampshire. É provável que ele não consiga ultrapassar o terceiro lugar.
Republicanos
Os republicanos, por sua vez, também têm sua história de "volta por cima" na campanha cheia de altos e baixos do senador do Arizona John McCain, de 71 anos.
Os números para McCain caíram no meio do ano e aumentaram nas últimas semanas a tal ponto que agora ele lidera as pesquisas de New Hampshire.
As primárias de New Hampshire, em 2000, nas quais ele derrotou George W. Bush por 18 pontos, foram o ponto alto da carreira política deste herói da Guerra do Vietnã.
Outra vitória iria fortalecer seu retorno ao status de concorrente sério para a nomeação do Partido Republicano.
Quem pode perder mais em New Hampshire é Mitt Romney, segundo lugar em Iowa, que chegou a liderar as pesquisas, mas vem perdendo impulso. Um novo segundo lugar pode piorar as coisas.
Não parece provável que o vencedor da prévia de Iowa, Mike Huckabee, repita a proeza em New Hampshire, um Estado que não tem tantos eleitores evangélicos.
Mas a impressionante habilidade de Huckabee como comunicador e sua mensagem de inclusão social pode ampliar seu apelo.
Independentes
Existe outro fator que pode prejudicar McCain em New Hampshire: o grande número de eleitores independentes registrados, que podem votar nas primárias dos republicanos ou dos democratas.
Em 2000 muitos destes independentes apoiaram McCain, mas, segundo as pesquisas, em 2008 a maioria deles deve votar nas primárias democratas.
Entre os outros pré-candidatos republicanos surgiram boatos, antes mesmo das primárias de Iowa, de que o ex-senador Fred Thompson iria desistir se não conseguisse bons resultados.
Ele se saiu bem o suficiente para continuar na disputa que ainda está muito aberta, e um bom resultado em New Hampshire pode servir de alavanca para as primárias dos Estados do sul, onde ele deve ir melhor.
A linha mais independente de New Hampshire - e o lema do Estado é "Viva livre ou morra" - sugere que um outro republicano, o congressista texano Ron Paul, que é contra a guerra e tem uma mensagem não convencional, possa ter uma boa votação.
Ele conseguiu o apoio do eleitorado jovem, pela internet, boas verbas para sua campanha, mas apenas 10% dos votos nas primárias de Iowa.
E quanto a Rudy Giuliani? Este republicano fez mais campanha em New Hampshire do que em Iowa, mas não é visto como um candidato forte neste Estado.
O teste real para ele deve ocorrer no final do mês, na Flórida, mas um outro resultado ruim pode tirar o brilho de uma campanha que já tem passado por dificuldades nas últimas semanas
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