quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Morre um dos detentos queimados em cadeia de Pernambuco

Letícia Lins - O Globo

RECIFE - Morreu nesta quinta-feira um dos detentos queimados no incêndio na cadeia da cidade pernambucana de Araripina, localizada a quase 700 km de Recife. O detento Francisco Jânio da Silva, 30 anos, morreu no Hospital da Restauração, a maior emergência da capital.

Ele chegou juntamente com onze companheiros à emergência na noite de quarta, em um comboio formado por seis ambulâncias e seis viaturas da polícia militar e polícia Rodoviária Federal.

Silva estava com o corpo todo queimado, devido ao incêndio provocado pelo companheiro de cela Maurício Aleixo Carvalho, de 25 anos, que na madrugada de quarta-feira ateou fogo ao próprio colchão, para tentar fugir. O incêndio na cadeia que não tinha extintores, e estava lotada, atingiu 20 pessoas. As vítimas em situação mais grave foram transferidas para o hospital da capital.

Os presos estão sob custódia, encontram-se em uma mesma enfermaria e estão sob vigilância de seis policiais militares. Foi preciso montar um esquema especial no local para recebê-los, já que a unidade de queimados estava lotada.

Oito homens morreram em cadeia de Minas Gerais

Há oito dias, um acidente semelhante matou oito presos na cadeia de Rio Piracicaba, cidade do Vale do Aço de Minas Gerais. Os presos não teriam conseguido escapar porque o carcereiro, com as chaves da cela, não estaria na cadeia. As primeiras avaliações do IML de Belo Horizonte apontam que as mortes foram por asfixia.

Na quarta-feira, o Instituto de Criminalística da Polícia Civil concluiu que o incêndio que aconteceu na noite do dia primeiro foi provocado pelos próprios detentos. De acordo com o laudo divulgado nesta terça, o fogo começou em um beliche de madeira localizado no meio da cela, e se alastrou para os outros móveis. Segundo o relatório, os presos se refugiaram no banheiro e morreram em decorrência de "asfixia por inalação de gases irrespiráveis".

Com isso, os peritos da Seção Técnica de Engenharia Legal do Instituto de Criminalística concluiram que "não há qualquer dúvida quanto à participação dolosa e efetiva dos indivíduos que se encontravam no interior da cela".

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