sexta-feira, 29 de junho de 2007

Cúpula de Assunção reafirma vontade de superar diferenças

Assunção, 29 jun (EFE).- Os presidentes dos países do Mercosul confirmaram nesta sexta-feira em Assunção durante a 33ª Cúpula do bloco a vontade política para superar as diferenças, embora tenham aprovado poucas medidas a favor do Uruguai e do Paraguai.
Vários líderes destacaram que a vontade política se concretizou na criação de um grupo de Alto Nível que elaborará até dezembro um plano de superação das assimetrias, com medidas a curto, médio e longo prazo.
As medidas a curto prazo devem começar a ser aplicadas em um ano.
Embora como iniciativa concreta para discutir o desequilíbrio das economias paraguaias e uruguaias frente às da Argentina e do Brasil, a Cúpula resolveu criar um fundo de promoção de ajuda às pequenas e médias empresas, cuja estrutura e renda deverão ser analisadas nos próximos meses.
Em discurso no plenário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a criação do fundo, mas defendeu que as diferenças serão superadas com a integração efetiva das cadeias produtivas na região.
Lula também ressaltou que o Mercosul enfrenta um desafio energético e afirmou que os biocombustíveis oferecem oportunidades para transformar a região num pólo industrial e tecnológico.
O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, intimou o Mercosul a coordenar planos energéticos para superar as "crises recorrentes" que afetam a região, e disse que o bloco "está a toda prova" porque o crescimento econômico de seus membros "gera necessidade de mais recursos".
Os presidentes do Uruguai, Tabaré Vázquez, e do Paraguai, Nicanor Duarte, foram autocríticos ao analisar o acesso aos mercados e lamentaram os pequenos avanços conquistados pelo Mercosul após sua criação, em 1991.
Vázquez expressou que a agenda revisada pelos presidentes há dois anos "continua em boa medida pendente". A ocasião foi a primeira vez que o chefe de Estado paraguaio compareceu a uma reunião presidencial do bloco.
Vázquez prometeu que a Presidência do Uruguai trabalhará em "áreas recorrentes" durante o segundo semestre de 2007.
No entanto, acrescentou que "seria desrespeitoso de nossa parte esquecer tudo de bom que foi feito pelos membros".
Duarte afirmou que a cúpula precisa de "um ponto de inflexão" e disse que "seguramente" os líderes da região são capazes de escutar uns aos outros e agir de maneira apropriada para enfrentar os desafios do maior bloco sul-americano.
Reafirmou também a vontade política de seu país para consolidar o acordo com os que "sonham com a dissolução do Mercosul", em referência a alguns setores empresariais da região que atacam o mecanismo de integração.
"Não podemos negar que continuam existindo impedimentos que justificam os questionamentos e que, às vezes, gratuitamente geramos argumentos para os que sonham com o fim do Mercosul", insistiu Duarte.
O presidente criticou os impedimentos comerciais que alguns produtos dos membros menores (Paraguai e Uruguai) sofrem para entrar nos mercados argentino e brasileiro.
Já o vice-presidente da Venezuela, Jorge Rodríguez, destacou a prioridade que deve ser dada aos aspectos sociais. Afirmou que um processo de integração perde tempo se não aborda as diferenças sociais e só analisa os comerciais.
Rodríguez, que representou o presidente Hugo Chávez - a grande ausência da Cúpula, quando a Venezuela negocia sua plena adesão - acrescentou que toda integração que não tem como base "a independência e a solidariedade não é mais que palavra morta".
Enquanto isso, o presidente boliviano, Evo Morales, concordou com a proposta de Kirchner de coordenar políticas para superar os problemas energéticos, mas divergiu com Lula ao falar dos perigos que a estratégia de desenvolvimento de biocombustíveis gera para a segurança alimentar dos povos.
Minutos antes, Lula contestou a crítica em seu discurso, quando garantiu que a experiência brasileira em combustíveis alternativos demonstra que não há risco para "a segurança alimentar da região".
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, surpreendeu ao introduzir o debate sobre os efeitos negativos da mudança climática que alguns países da região estão sofrendo.
Bachelet pediu que os países do Mercosul dêem mais destaque ao tema e sustentou que "a mudança climática requer cooperação", ao lembrar que os compromissos incluídos no Protocolo de Kyoto vencem em 2012 e que a região deveria ser mais atuante na proposta de soluções. EFE lb-ja jfc/ma

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