Da Reuters, em Bagdá
O Ministério do Interior do Iraque divulgou nesta segunda-feira que revogará a licença da empresa de segurança dos EUA Blackwater e processará seus funcionários. Membros da companhia são acusados pelo órgão de participar de um tiroteio que matou 11 pessoas em Bagdá.
O brigadeiro-general Abdul Karim Khalaf, porta-voz do Ministério do Interior, disse que pessoal de segurança que trabalhava para a companhia abriu fogo após morteiros passarem perto de seus carros na praça Nusour, no bairro de Mansour, em Bagdá.
"Eles atiraram aleatoriamente contra as pessoas", disse Khalaf. O porta-voz afirma que 11 pessoas morreram --incluindo um policial-- e 13 ficaram feridas.
Johann Schmonsees, porta-voz da Embaixada dos EUA, afirmou que o tiroteio ocorreu após a explosão de um carro-bomba próximo a diplomatas americanos.
"O carro-bomba estava nas proximidades de um local onde pessoal do departamento de Estado se encontrava. É por isto que a Blackwater respondeu ao ocorrido", afirmou o porta-voz.
A Embaixada informou que cooperava com o governo iraquiano no caso, mas se negou a confirmar se a licença da Blackwater foi revogada.
Não houve uma resposta imediata da Blackwater, que emprega centenas de estrangeiros no Iraque e é responsável pela segurança da Embaixada no Iraque.
Quatro funcionários da Blackwater morreram em Falluja em 2004. Insurgentes queimaram seus corpos e penduraram os restos mortais em uma ponte, o que ocasionou uma resposta americana na cidade iraquiana.
Polêmica no Iraque
"Nós retiramos as licenças deles", disse Khalaf. O Ministério também informou que uma comissão para investigar o procedimento da companhia foi organizada.
O primeiro-ministro do Iraque, Nouri al Maliki, condenou o tiroteio e disse que punirá os responsáveis e seus empregadores.
"Nós trabalharemos para punir e impedir o trabalho da companhia de segurança que conduziu este ato criminoso", disse Maliki.
A Embaixada americana informou que procurava saber se funcionários da Blackwater poderiam ser processados no Iraque.
O ministro do Interior, Jawad al Bolani, disse que funcionários de segurança "devem respeitar as leis iraquianas e o direito dos iraquianos à independência em sua própria terra".
"Casos como este aconteceram mais de uma vez e nós não podemos ficar silenciosos diante deles", afirmou Bolani na televisão Arabiya.
Empresas de segurança privada --muitas delas americanas e européias-- trabalham no Iraque desde a invasão comandada pelos EUA, em 2003.
Muitos iraquianos afirmam que as companhias não cumprem leis quando trabalham para o governo iraquiano nem para forças militares americanas.
Khalaf não disse quantos funcionários da Blackwater teriam se envolvido no tiroteio. Ele afirmou que o comitê de investigação foi ao local e conversou com testemunhas. A equipe também deveria visitar as instalações da companhia em Bagdá.
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