sábado, 22 de setembro de 2007

Diretor da Petrobras pede demissão e critica governo

RIO DE JANEIRO - O ex-diretor da área de Gás da Petrobras Ildo Sauer deixou o cargo com uma carta de despedida em que faz críticas ao governo e destaca suas ações enquanto ocupou o cargo. Sauer afirma que o “governo acabou cedendo a pressões” em referência à ruptura dos contratos de fornecimento de energia elétrica de longo prazo das estatais desde janeiro de 2003 para que se instalasse um mercado livre de energia, uma decisão do governo anterior. Sauer estima que a decisão resultou em prejuízos para as estatais e para os pequenos e médios consumidores de energia na casa dos R$10 bilhões. Ele quer voltar a trabalhar como professor universitário.


“De repente me dei conta de que posso não ter sido afastado da Petrobras por meus defeitos. Mas pelas virtudes das pessoas de cujas lutas participei e vou continuar participando”. Sauer destaca que acompanha a área de gás há quase 20 anos como militante do PT e também como colaborador do Instituto Cidadania, que assessorou Lula em campanhas. Ele destaca que os “negócios do gás natural foram a ponta de lança para a introdução das reformas liberais no setor elétrico”.


Cita ainda o acordo de importação do gás da Bolívia, decidido no governo Collor e implementado no governo FHC. Diz que ele determina que a Petrobras atue como sócio menor numa partilha dos recursos naturais da Bolívia feita por grandes petroleiras, empresas de gás e fabricantes de equipamentos, que controlam o negócio desde o século passado. Ele destacou as ações que promoveu. “Limpamos e reestruturamos totalmente as verdadeiras cavalariças em que tinha se convertido o plano emergencial de geração termoelétrica a gás natural elaborado pelo governo FHC no desespero vão de tentar evitar o apagão de energia elétrica”.


Ele conclui a carta com trechos sobre o filme Queimada, de 1969, do italiano Gillo Pontecorvo, sobre uma ilha onde o sistema colonial com base na escravidão dos portugueses é trocado pelo sistema com base no trabalho assalariado e no livre mercado. Associa sua saída aos que lutaram pela liberdade. (Folhapress)

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