quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Irmão de Ramos-Horta acusa forças da ONU de serem 'covardes'

Reuters




DARWIN - Arsénio Ramos-Horta, irmão do presidente de Timor Leste, José Ramos-Horta, descreveu na quinta-feira as forças de segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) como "malditos covardes" e disse que os membros dela se esconderam em vez de protegerem o líder do país ferido por rebeldes. O irmão do presidente viajou até Darwin, na Austrália, para visitar Ramos-Horta, que acabava de passar por uma cirurgia devido aos tiros que recebeu em um atentado. Ele disse ter segurado o presidente nos braços depois que soldados da ONU se recusaram a ajudar.




Ramos-Horta, vencedor do Nobel da Paz, teve o pulmão direito destruído no ataque realizado por ex-militares expulsos do Exército em 2006. A ONU diz que eles tentavam seqüstrar, e não matar o presidente.



- Eles deveriam ter vindo imediatamente, sem perder tempo. Eles se comportaram como malditos covardes - disse o irmão do dirigente à Reuters.




Arsénio Ramos-Horta encontrava-se no complexo presidencial quando aconteceu, na segunda-feira, um tiroteio entre a guarda presidencial e militares rebeldes comandados por Alfredo Reinado, que foi morto na ação. A ONU negou as acusações de que seus homens teriam deixado Ramos-Horta sangrando por mais de 30 minutos sem ajudá-lo.




A entidade divulgou registros mostrando que teriam se passado apenas dois minutos entre o momento em que o presidente foi achado e a chegada de uma ambulância. O registro mostra que a primeira chamada de emergência foi recebida às 6h59 em Dili e que a polícia da ONU chegou ao local às 7h15, localizando o presidente dentro do complexo perto de uma cerca de bambu às 7h23. A ambulância chegou às 7h25.




Mas, segundo Arsénio Ramos-Horta, os homens da ONU recusaram-se a oferecer ajuda quando compareceram ao local e que não deixaram a proteção de bloqueios de rua instalados perto da residência oficial.




- Eles deveriam ter feito alguma coisa em vez de ficarem nos bloqueios de rua - disse. - Se tivessem feito isso, hoje ele não estaria em um estado tão grave.




O estado de Ramos-Hora é grave mas estável. Ele está internado no Hospital Real Darwin, na Austrália.




O chefe das Forças Armadas de Timor Leste, brigadeiro-general Taur Matan Ruak, também exigiu que as forças de segurança internacionais explicassem como os soldados rebeldes conseguiram atacar Ramos-Horta e o primeiro-ministro Xanana Gusmão, que saiu ileso.




Segundo Ruak, houve uma "falta de competência" da parte das forças de segurança internacionais, das quais participam 1.100 soldados australianos e neozelandeses bem como 1.600 policiais da ONU vindos de 40 países.




O chanceler da Austrália, Stephen Smith, prometeu realizar uma investigação ampla a respeito do que ocorreu. Em Dili, o procurador-geral de Timor Leste, Longinhos Monteiro, afirmou ter expedido mandados de prisão para seis pessoas suspeitas de envolvimento nos ataques, elevando para 24 o número total de acusados formalmente de cumplicidade nos atentados. A polícia ainda não prendeu ninguém.




O clima era de tranquilidade em Díli na quinta-feira, um dia depois de o Parlamento ter decidido prorrogar por mais dez dias, até 23 de fevereiro, o estado de emergência decretado na segunda-feira.



http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/02/14/irmao

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