terça-feira, 4 de setembro de 2007

IBGE: queda na produção industrial sugere acomodação

JACQUELINE FARID - Agencia Estado


RIO - A queda de 0,4% na produção industrial em julho ante junho "não sugere uma inflexão, mas uma acomodação" do setor, segundo avalia o chefe da coordenação de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Silvio Sales. Para ele, "não há nenhum sinal amarelo no conjunto de indicadores (da economia) que leve a acreditar que vá perdurar essa tendência (de queda)".

Sales sublinhou que índices do comércio varejista, de produção automobilística, de vendas industriais, utilização de capacidade e expectativa de empresários mostram que "de uma maneira geral, esses indicadores são favoráveis a uma trajetória positiva no nível de atividade, puxada pela demanda interna".

O chefe da coordenação de indústria do IBGE observou que o recuo frente o mês anterior foi provocado especialmente pelo segmento de bens de consumo não duráveis. "Essa queda de 0,4% remete a influência pontual de produtos pesados (no cálculo da taxa)", afirmou, acrescentando que "em termos de tendência, o que se conclui é que esse resultado não altera a trajetória positiva do setor".

Em julho, na comparação com junho, o resultado negativo foi influenciado pela indústria de alimentos, com recuo de 2,5% na produção, que representou o principal impacto de queda para o total do setor. A segunda principal contribuição de baixa foi dada pelo refino de petróleo (-3,5%), seguida de máquinas e equipamentos (-2,7%), produtos de metal (-5,4%) e farmacêutica (-3,8%). Ainda ante mês anterior, 12 dos 23 segmentos pesquisados apresentaram queda na produção.

Destaques

O recuo de 0,4% na produção industrial em julho ante junho representa uma quebra na seqüência de nove taxas positivas consecutivas no indicador ante mês anterior, o período mais longo de resultados positivos apurado na série histórica do IBGE. "Só os bens duráveis escaparam da queda, especialmente por causa da indústria automobilística", observou Sales.

O crescimento de 6,8% na produção industrial em julho de 2007 ante igual mês do ano passado é o maior mensal nessa base de comparação apurado pelo IBGE desde dezembro de 2004 (quando havia chegado a 8,3%). Segundo Sales, o resultado completa uma seqüência de 13 taxas positivas nesse indicador e foi influenciado positivamente pelo fato de que julho deste ano registrou um dia útil a mais do que em 2006.

Crédito

O coordenador avalia que a manutenção das boas condições de crédito, com recente ampliação dos prazos de financiamento para automóveis e eletrodomésticos, foi o principal fator responsável pelo bom desempenho da indústria comparativamente a ano anterior, puxado sobretudo por bens de consumo duráveis e bens de capital.

Na comparação com julho do ano passado, os destaques de expansão entre os segmentos pesquisados, foram, em termos de impacto de alta, nessa ordem, de veículos automotores (18,3%), máquinas e equipamentos (17,0%) e outros produtos químicos (petroquímicos, produção de fertilizantes, com 12,1%). Sales sublinhou que 23 dos 27 segmentos pesquisados registraram crescimento na produção nesse indicador.

Os principais impactos de queda foram dados pela indústria de alimentos (com queda de 1,3% na produção) e de fumo (-22,6%).

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