da Folha Online
O líder da rede terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden, pede aos americanos que abracem o Islã em seu vídeo mais recente, veiculado nesta sexta-feira após uma ausência de três anos de mensagens visuais. O vídeo aparece a poucos dias dos seis anos dos atentados às Torres Gêmeas em Nova York, que se completam na próxima terça-feira (11). A autenticidade do vídeo ainda está sendo analisada nos EUA.
Bin Laden também pediu o fim da presença americana no Iraque. Um trecho do vídeo foi transmitido pela TV Al Jazira, cuja sede é no Qatar.
Reuters
Bin Laden no vídeo veiculado nesta sexta-feira, após três anos sem mensagens do gênero
O líder terrorista vestia uma roupa branca, estava sentado atrás de uma mesa e leu um discurso para o povo americano.
A barba de Bin Laden estava mais curta do que o no último vídeo, divulgado em 2004, e completamente escura, aparentemente tingida. Nos vídeos anteriores, a barba do terrorista era grisalha. Com olheiras, Bin Laden parecia saudável.
A rede terrorista creditava a longa ausência de Bin Laden em vídeos a razões de segurança.
O reaparecimento de Bin Laden gerou críticas dos democratas pelo fato de, após seis anos, ele ainda não ter sido capturado por forças americanas. Enquanto isso, os EUA afirmam que células terroristas da Al Qaeda se reagrupam na fronteira do Paquistão e Afeganistão.
Vídeo e Islã
O vídeo de 30 minutos é aparentemente recente, segundo a Associated Press, que recebeu uma cópia da gravação. Bin Laden cita, por exemplo, a vitória de Nicolas Sarkozy nas últimas eleições presidenciais na França, ocorridas em maio.
AP
Montagem mostra como Bin Laden costumava aparecer em vídeos e agora, com barba tingida
Os Estados Unidos interceptaram o vídeo antes que fosse publicado por sites islâmicos que costumam publicar mensagens da Al Qaeda, segundo um oficial do grupo de combate terrorismo do governo americano, que revelou as informações em condição de seu nome não ser divulgado.
No vídeo, Bin Laden não fez ameaças abertas nem menções diretas a ataques. Ele se dirigiu aos americanos falando sobre as falhas dos Estados Unidos no Iraque e as injustiças causadas pelo oeste --incluindo aquecimento global.
Ela disse aos americanos há duas soluções para terminar com o conflito no Iraque. "Uma é do nosso lado, e é intensificar a luta e mortes contra vocês. Este é nosso dever e nossos irmãos estão realizando isto", afirmou.
"A segunda solução é do lado de vocês. Eu os convido a abraçar o Islã", disse Bin Laden.
"Assim que os donos da guerra das grades corporações perceberam que vocês perderam a confiança em seu sistema democrático e começaram a procurar uma alternativa --e esta alternativa é o Islã--, eles tentarão os agradar para mantê-los a distância do Islã", afirmou Bin Laden.
Bin Laden iniciou seu discurso com uma louvação a Deus e logo em seguida afirmou: "olho por olho, dente por dente, e o assassino deve morrer".
O líder da Al Qaeda afirmou que o Bush colocava os xiitas contra os sunitas no Iraque, mas que os acontecimentos haviam saído do controle e o presidente americano colheu apenas fracasso.
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A última aparição de Bin Laden, em 2004, surgiu pouco antes das eleições para presidente nos Estados Unidos, das quais George W.Bush saiu vitorioso, conseguindo a reeleição. Bin Laden disse que os Estados Unidos poderiam evitar outros ataques como os lançados às Torres Gêmeas se parassem de ameaçar os muçulmanos.
Desde então, outras figuras radicais surgiram mensagens sonoras de Osama bin Laden. A última fita, divulgada em julho de 2006, falava sobre a morte do líder da Al Qaeda no Iraque, Abu Musab al Zarqawi.
Fitas com a voz do líder e vídeos de outros membros da Al Qaeda, como o líder egípcio Ayman al Zawahri, freqüentemente aparecem nas proximidades do 11 de Setembro.
Seth Jones, um especialista em terrorismo da organização de estudos independente Rand, disse à Associated Press que o aniversário dos ataques dão um pretexto para o lançamento da fita, mas também surgem em um momento que a principal liderança da Al Qaeda conseguiu se reagrupar.
"Há um ressurgimento claro da Al Qaeda nas áreas tribais do Paquistão desde 2005", afirmou Jones. Ele usa o termo "Talebanizacão" --em referência ao Taleban, movimento radical islâmico que governava o Afeganistão até 2001, quando ocorreu a invasão dos EUA ao país, após os ataques às Torres Gêmeas-- para se referir a estas regiões que abrigam um ressurgimento de grupos radicais islâmicos.
Rita Katz, diretor do Instituto SITE, afirmou acreditar que a Al Qaeda se reagrupou, mas que seu comando está mais difuso do que costumava ser e compreende vários campos de treinamento no Paquistão e Afeganistão. Ela afirmou que Bin Laden deve estar escondido em um local mais seguro, longe destes centros de treinamento.
Repercussão republicana
Fred Thompson, pré-candidato republicano à presidência dos EUA, disse nesta sexta-feira que o Bin Laden é "mais simbolismo do que qualquer outra coisa". O republicano ainda disse que há progressos no Iraque e que o apoio público à guerra aumenta.
"Bin Laden nas montanhas do Paquistão ou do Afeganistão não é tão importante quanto possíveis atividades da Al Qaeda nos Estados Unidos da América", disse Thompson.
Um dos rivais de Thompson, o senador do Estado americano do Arizona, John McCain, disse em um comunicado: "Osama bin Laden e seus seguidores devem ser perseguidos e como presidente, eu o farei. Minha presidência será o pior pesadelo da Al Qaeda".
Thompson reafirmou seu apoio à guerra e, como progresso, citou o acréscimo de 30 mil homens para combater no Iraque aprovado pelo presidente Bush.
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