Patrícia Campos Mello, NOVA YORK
O pré-candidato republicano Mitt Romney, que estava em segundo lugar nas pesquisas de opinião e em número de delegados, abandonou ontem a campanha presidencial, deixando o caminho livre para a indicação do senador John McCain à candidatura do partido. Romney teve desempenho decepcionante nas prévias da Superterça, perdendo boa parte dos votos conservadores para seu rival Mike Huckabee, ex-governador de Arkansas.
O ex-governador de Massachusetts anunciou sua desistência na conferência anual da Ação Política Conservadora, que reuniu eleitores e políticos conservadores que favoreciam sua campanha e se opõem a McCain.
“Não foi uma escolha fácil para mim, eu odeio perder. Mas preciso sair da disputa, por nosso partido e por nosso país”, disse Romney. “Se eu continuasse insistindo, atrasaria o lançamento de uma candidatura nacional e tornaria mais provável uma vitória da senadora Hillary Clinton ou do senador Barack Obama. E, neste tempo de guerra, não posso deixar que minha campanha contribua para uma rendição ao terrorismo.”
Logo após o discurso de despedida, McCain telefonou para Romney. Os dois conversaram, mas não houve nenhuma menção de apoio à candidatura do senador. Segundo assessores, McCain elogiou o adversário e manifestou desejo de conversar pessoalmente e em breve com Romney.
Mais tarde, durante a mesma conferência do Partido Republicano, McCain tentou novamente atrair a confiança dos conservadores e fez um apelo para que o eleitores e partidários de Romney se unissem a sua campanha. “Sei que não posso ganhar de Hillary ou Obama sem o apoio de vocês, conservadores dedicados”, disse. “Mesmo que vocês achem que eu tenha errado em algumas questões, saibam que fui conservador na maioria das questões.”
Além de admitir que cometeu erros, McCain prometeu consultar os conservadores em um eventual governo seu. Em seguida, o senador foi vaiado longamente ao mencionar a lei de reforma de imigração, que McCain propôs em 2007 e que abre caminho para a legalização dos ilegais, medida criticada pelos conservadores.
Para o estrategista republicano Chip Felkel, Romney não conseguiu se firmar como o candidato conservador porque deixou de ganhar em Estados tradicionais como Carolina do Sul, Geórgia e Tennessee. O fato de Romney ser mórmon também pesou - ele não conseguiu conquistar os votos dos evangélicos, que foram para Huckabee.
“Ele mudou muito suas posições e, apesar de sua imagem presidencial, passou uma imagem muito perfeitinha para o ponto de vista dos conservadores”, disse Felkel ao Estado. Outro problema, de acordo com ele, foi atrair os eleitores republicanos de classe média, que não conseguiam se identificar com o multimilionário Romney.
McCain venceu nove das 21 primárias republicanas e acumulou cerca de 700 delegados. Até ontem, Romney tinha 294 delegados e Mike Huckabee, 195. São necessários 1.191 delegados para ganhar a indicação na convenção nacional, em setembro. Romney deve manter seus delegados e usá-los na convenção nacional, provavelmente para barganhar a indicação de um vice-presidência na chapa de McCain
Romney foi o candidato que mais gastou na campanha, US$ 87,6 milhões até agora, sendo US$ 35 milhões do próprio bolso. Ele gastou mais do que Obama (US$ 85 milhões) e Hillary (US$ 80 milhões), e bem mais que o líder McCain (US$ 39 milhões). Matematicamente, seria impossível Huckabee ganhar de McCain em número de delegados, mesmo se vencesse todas as prévias daqui para frente. Entretanto, Huckabee diz que não vai desistir. Para analistas, ele quer ganhar mais delegados, aumentar seu cacife político e reivindicar a vaga de vice na chapa de McCain.
http://www.estado.com.br/editorias/2008/02/08/int-1.93.9.20080208.1.1.xml
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