segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Rebeldes do Chade cercam palácio

Governo resiste na capital; ofensiva na fronteira com Sudão ameaça Darfur





Afp e Reuters




Forças do governo do Chade usaram ontem tanques e helicópteros para combater rebeldes de três grupos diferentes que ontem cercavam o palácio presidencial na capital Ndjamena. Os combatentes, supostamente apoiados pelo governo do vizinho Sudão, usaram veículos equipados com metralhadores e canhões para tentar invadir a residência oficial e derrubar o presidente Idriss Déby, que estava no local e recusou oferta do governo da França - que tem um contingente no país, sua ex-colônia - para ser retirado dali.



Representantes do grupo humanitário Médicos Sem Fronteiros afirmaram que havia muitos corpos espalhados pela cidade e que mais de 300 pessoas estavam feridas. Boa parte de Ndjamena está em poder dos rebeldes, que entraram na cidade no sábado. Os insurgentes são divididos em três facções: a União das Forças pela Democracia, liderada por Mahamat Nuri; a União das Forças pela Mudança, comandada por Timane Erdimi; e uma aliança de grupos menores chefiada por Abdelwahid Abud Mackaye.



Testemunhas disseram que houve uma intensa troca de tiros durante toda a madrugada de ontem, com disparos de artilharia pesada. Com o caos, centenas de detentos escaparam da prisão e diversas lojas e casas foram saqueadas.



Os rebeldes, que já haviam tentado tomar a capital e dar um golpe em 2006, acusam Déby de favorecer sua família e amigos, além de desviar o lucro da produção de petróleo, que vem sendo desenvolvida por um consórcio liderado por empresas americanas.



No leste do país, rebeldes anunciaram ter tomado a cidade de Adre, na fronteira com região sudanesa de Darfur, onde um conflito já matou mais de 200 mil pessoas e desabrigou 2 milhões. Há cerca de 200 mil refugiados de Darfur na região.



O governo do Chade assegura, porém, ter repelido o ataque, qualificando-o de uma “declaração de guerra” do Sudão, já que a ofensiva dos rebeldes apoiados teria apoio de soldados sudaneses. O governo de Cartum negou participação e acusou Déby de ser “corrupto e ditador”.



Funcionários do governo do Chade acusaram o vizinho Sudão pelos ataques também na capital, alegando que Cartum está tentando sabotar a entrada de uma força de paz da União Européia no país, que deveria ocorrer em breve.



Os soldados europeus (a maioria francesa) iriam justamente para o leste, para proteger os refugiados de Darfur. É sabido que o Sudão já apoiou rebeldes chadianos antes, assim como o Chade já financiou combatentes de Darfur.



Com cerca de 2.500 homens, a ofensiva rebelde a Ndjamena obrigou a França e outros países a montarem operações de emergência para tirar seus cidadãos do país. Dos cerca de 1,5 mil franceses que vivem no Chade, mais de 500 foram levados para Gabão, Camarões e Nigéria. O grupo britânico Oxfam, cujos empregados estrangeiros deixaram a capital, fez ontem um alerta dizendo que o confronto poderia minar os esforços para proteger os refugiados e deslocados internos no leste do país.



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