sábado, 1 de setembro de 2007

Promotor acusado de assassinato pede férias e não vai para Jales

Após os 30 dias, ele poderá ser enviado à cidade ou a outra comarca de SP onde houver vaga


Chico Siqueira


A cidade de Jales não terá Tales Ferri Schoedl como promotor de Justiça. Pelo menos nos próximo 30 dias. É que o homem acusado em 2004 de matar um rapaz e balear outro na Riviera de São Lourenço, no litoral paulista, entrou ontem com um pedido de férias. Quando voltar, ele pode ser enviado pela Procuradoria-Geral de Justiça a Jales ou a outra comarca onde houver vaga no interior do Estado.

A nomeação de Schoedl para o cargo de 2º promotor de Justiça na Comarca de Jales havia sido feita logo depois que o Órgão Especial do Ministério Público Estadual (MPE) decidiu pela manutenção do acusado na carreira. Eram 18 horas de ontem quando a promotoria de Jales foi informada pela Procuradoria-Geral do pedido de férias de Schoedl. Em seguida, os promotores distribuíram uma nota sobre a decisão.

O pedido de férias de Schoedl ocorreu no momento em que o governador José Serra encerrava uma visita a Jales, onde inaugurou uma unidade da Fatec e assinou convênio da Sabesp. Aos jornalistas, Serra se disse entristecido e consternado com a nomeação e revelou que o próprio procurador-geral de Justiça, Rodrigo Rebello Pinho, também havia se posicionado contra.

"Eu fiquei profundamente triste com essa decisão (do MP). Minha posição é a mesma do procurador-geral Rodrigo Pinho, que se opôs a ela. Fiquei realmente muito consternado. Quero dizer que sou solidário com a indignação da população de Jales a respeito desse assunto", disse o governador.

Moradores da cidade iniciaram um abaixo-assinado que seria encaminhado ao MPE pedindo que a designação de Schoedl para a cidade fosse revista. A medida havia causado mal-estar até na subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da cidade. O movimento "Fora Thales, em Jales Não!" preparava uma manifestação para hoje.

A promotoria da cidade, na nota distribuída aos jornalistas, informou que a decisão de não nomear Schoedl partiu da Assessoria de Designação da Procuradoria Geral de Justiça. Segundo a nota, foi mantida a designação de dois promotores locais para assumirem provisoriamente o cargo de 2º Promotor substituto, que seria o de Schoedl.

Segundo o promotor Eduardo Hiroshi Shintani, as funções do cargo serão assumidas por ele e pelo seu colega, o 4º Promotor de Jales, Wellington Luís Villar, durante o período de 1º a 30 de setembro. Posteriormente, um outro promotor deve ser nomeado. Shintani não quis comentar os motivos da desistência, disse apenas que essa tarefa caberia à Procuradoria Geral de Justiça. Esta informou que o motivo era o pedido de férias.

No entanto, um representante do MP, que pediu para não ser identificado, disse crer que o recuo ocorreu por causa "da má impressão que ficou". A procuradoria não tinha idéia de que a família do jogador de basquete Diego Modanez, assassinado por Schoedl, morou e tem amigos em Jales. Ele foi morto a tiros pelo promotor em 30 de dezembro de 2004 - Schoedl feriu ainda Felipe de Souza.

PICHAÇÃO

O muro da casa em frente à residência do promotor, no Jardim Paulistano, na zona sul de São Paulo, foi pichada na noite de anteontem com os seguintes dizeres: "Assassino. Justiça. Ministério Público, a vergonha do Brasil".

O advogado de Schoedl, Rodrigo Marzagão, foi procurado ontem pela reportagem mas não retornou. Pelo telefone, Schoedl conversou rapidamente com o Estado, pois foi aconselhado a não falar. "Era a casa da vizinha, já mandamos pintar." Questionado se não seria hora de dar sua versão dos fatos. ele disse que "ainda não é o momento".

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