sábado, 1 de setembro de 2007

Grupo de Renan acha que perde no conselho

Avaliação é de que votação aberta dará vitória a parecer pela cassação; agora, senador vai priorizar julgamento do plenário, onde voto é secreto


Marcelo de Moraes e Rosa Costa


A decisão do Conselho de Ética de adotar o sistema de voto aberto para o julgamento do processo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez com que ele admitisse que a batalha nessa comissão está praticamente perdida. Renan confiava no sigilo do voto para ganhar no conselho e já passou a priorizar o julgamento do plenário da Casa, onde os senadores não precisarão revelar os votos.


Veja a cronologia do caso RenanDentro dessa estratégia, Renan decidiu ocupar todos os espaços políticos destinados ao presidente do Senado, justamente para ter maior capacidade de articulação para pedir votos a seu favor. Mesmo que seja derrotado no Conselho de Ética, Renan não vai renunciar à presidência. A avaliação dele e de aliados é que uma saída do comando do Senado retiraria a pouca musculatura política que ainda conserva.

Por conta disso, Renan decidiu exercer plenamente a presidência do Senado, justamente para ter capacidade de influenciar decisões e se manter forte na busca por apoios para sua absolvição.

Ontem, por exemplo, alguns de seus assessores chegaram a sugerir que ele se preservasse e deixasse o vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), com a tarefa de receber o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que foi encaminhar a proposta de Orçamento da União para 2008 para o Congresso. Como seria um ato público entre dois Poderes, auxiliares de Renan acharam que ele poderia ficar exposto demais, com acesso à imprensa, menos de 24 horas depois da apresentação no Conselho de Ética do relatório dos senadores Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS) que pediu sua cassação. Renan descartou a hipótese de abrir mão do encontro e se reuniu com Bernardo.

Da mesma forma, também mantém conversas regulares com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sentou ao lado do presidente na solenidade de lançamento do livro Direito à Memória e à Verdade, da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, na quarta-feira. Logo depois, se reuniu com o presidente, num encontro intermediado pelo senador José Sarney (PMDB-AP), para pedir ajuda na busca de votos contra a cassação dentro do PT.

Renan afirmou que não vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra os 10 votos do Conselho de Ética que decidiram pela realização de votação aberta. "Eu não vou mexer com isso. Eu não", afirmou, ao chegar a seu gabinete.

Principal defensor da idéia de questionar o STF sobre a forma do voto no Conselho de Ética, o senador Gilvan Borges (PMDB-AP) também desistiu da idéia por considerar que a matéria foi vencida pela votação do conselho. Até agora, nenhum aliado se dispõe a avançar com a iniciativa.

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