Em Santa Maria, o Exame Nacional do Ensino Médio foi realizado em 16 escolas na tarde de ontem
Marcos Jorge
O empenho nos estudos e o forte desejo de ingressar na universidade da estudante Isis Rosa de Araújo, 18 anos, motivou a mãe dela, a manicure e vendedora de lanches, Dirce Silva da Rosa, 52 anos, a sair de Júlio de Castilhos para acompanhar a filha neste domingo, que assim como milhares de pessoas na cidade e cerca de 3,5 milhões em todo país, fizeram a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), organizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC).
Enquanto aguardava a saída da filha Isis, na escola Cilon Rosa, onde a estudante fazia a prova, Dirce arrumou um passatempo lucrativo. Até o término do teste decidiu alimentar a fome e repor as energias de quem enfrentou horas realizando o exame. Da mesma cidade da manicure ainda vieram, pelo menos, outros sete ônibus trazendo candidatos. Após duas horas de testes, começaram a ser liberados em todos os locais de prova os primeiros estudantes. Entretanto, os candidatos só puderam sair com os cadernos de prova após as 17h.
“Eu mesma tenho muita vontade de realizar essas provas, entretanto para o curso que eu quero, é necessário muito tempo de dedicação e no momento estou me dedicando para que a minha filha possa atingir o objetivo dela”, conta Dirce, que vê a filha como um bom exemplo de esforço pessoal. “Desde o pré, ela nunca faltou uma única vez nas aulas, e atualmente estuda até as duas horas da manhã. As vezes eu até pergunto: será que não esta na hora de arrumar um namorado? Ela me responde, mas se eu estudo até as duas, que horas acha que eu teria para namorar?”, lembra a manicure.
Facilidade - Para muitos o exame pareceu fácil, como conta o estudante e monitor de laboratório, Igor Gomes Fontes, 23 anos, que veio de Porto Alegre visitar a família e aproveitou para realizar as provas. Em sua primeira vez realizando o Enem, Igor espera obter um bom resultado para conquistar uma bolsa em uma universidade da capital. “A única dificuldade foi em relação ao tema escolhido para a redação, Diversidade”, comenta.
O estudante Jeferson Miranda, 22 anos, também concorda com Igor. “Esse é um tema muito pessoal, cada um tem uma opinião diferente, mas a prova estava bem acessível, não tive problemas para resolvê-la”. Já a frentista Iara Silveira, 30 anos, que concluiu o ensino médio em 2004 e já fez o teste em outras edições, achou que a prova estava mais difícil este ano.
Abstenção - Em algumas escolas o índice de abstenção foi alto. Dos 541 candidatos que fariam a prova em 16 salas da Escola Olavo Bilac, 107 desistiram, o que representa 19,77% de ausentes. De acordo com o chefe de local de prova na escola, Enio Luiz Perrando, mesmo com 15 minutos de tolerância, não houve registros de atrasos.
Essa foi a décima edição da avaliação, que além de examinar o desempenho dos alunos ao término da escolaridade básica, visa facilitar o acesso a cursos superiores, com pesos diferenciados nos vestibulares, a critério de cada instituição e contribui para o ingresso no Programa Universidade para Todos (ProUni).
Em Santa Maria, 16 instituições de ensino receberam os milhares de estudantes na tarde de ontem. A cidade ainda se orgulha por obter boas notas na classificação geral dos municípios brasileiros. No início do ano passado, Santa Maria se surpreendeu ao descobrir que alcançou o 4º lugar nacional e a primeira colocada do Estado, no Enem de 2005, atrás apenas de Petrópolis (RJ), São Carlos (SP), e Vitória (ES).
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