Pequim, 28 Set (Lusa) - A viagem do enviado especial das Nações Unidas, Ibrahim Gambari, a Mianmar deve-se à pressão diplomática da China sobre a junta militar birmanesa, disse nesta sexta-feira à Agência Lusa o analista político birmanês Win Min.
"Foi a China que pressionou a liderança birmanesa a aceitar a ida ao país de Ibrahim Gambari para mediar a crise entre os manifestantes e a junta militar", disse Win Min, analista baseado na Tailândia, que fugiu de Mianmar durante o massacre de 1988, quando o Exército esmagou pelas armas as manifestações pacíficas pró-democracia, matando pelo menos 3 mil pessoas.
"Só a China tem o poder para pressionar a junta militar a deixar Ibrahim Gambari entrar", disse Win Min à Agência Lusa, adiantando que "só pode ser também a pressão chinesa que está prevenindo o governo de não atirar para matar contra os manifestantes, tal como aconteceu em 1988".
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, enviou o nigeriano Ibrahim Gambari - que se encontra ainda de viagem, tendo chegado nesta sexta a Cingapura - para tentar estabelecer o diálogo entre a junta militar e os ativistas pró-democracia.
Ban apelou ao governo birmanês para "aceitar o diálogo construtivo com Gambari" e para "tomar o caminho da reconciliação nacional pacífica e abrangente". A China ecoou na quinta-feira as palavras de Ban, com Pequim apelando para a "moderação".
"Esperamos que Mianmar se possa dedicar ao retorno o mais rápido possível da estabilidade, à melhoria do bem-estar do seu povo e à manutenção da harmonia social", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Jiang Yu.
A China, que faz fronteira com a Mianmar, é dos poucos aliados da junta militar birmanesa e é um dos maiores parceiros econômicos do país, do qual compra gás natural. A maioria do material militar birmanês é também vendido pela China.
Em janeiro passado, a China e a Rússia vetaram no Conselho de Segurança das Nações Unidas sanções contra o regime birmanês.
Na quinta-feira, as forças de segurança birmanesas mataram pelo menos nove pessoas, incluindo um jornalista japonês, e fizeram centenas de prisões, numa manobra de repressão armada contra as manifestações pacíficas no país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário