quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Sete pessoas morrem em emergência em Alagoas

Sete pessoas morreram, em 12 horas, no maior hospital público de Alagoas, a Unidade de Emergência de Maceió. O estado enfrenta 87 dias de greve de médicos. As mortes foram registradas entre terça-feira e o início da manhã de quarta, quando o hospital atendeu a 411 pessoas. Embora não tenham sido fornecidos detalhes, segundo a Secretaria de Saúde, as mortes não foram causadas por negligência ou falta de atendimento.

"Apenas os hematologistas e os neurocirurgiões deixaram de atender. A mortalidade é normal na Unidade de Emergência. Não há mortos por causa da greve", disse o presidente da entidade, Welington Galvão.

Com a greve, das nove ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), apenas quatro estão fazendo os socorros.

Atendendo a um apelo do Sindicato dos Médicos, a Unidade de Emergência do Agreste, a segunda maior do Estado, voltou a funcionar nesta quarta.

O impasse nas negociações entre grevistas e o governo estadual continua. Após sete horas de reunião, que terminou na madrugada de quarta-feira, fracassou mais uma tentativa de entendimento para o fim da greve. O Ministério Público e o Sindicato dos Médicos fecharam nova proposta, que será apresentada ao governo: aumento de 39,31%, parcelados em cinco vezes, com a última prestação paga em abril do ano que vem. Esse mesmo valor foi apresentado pelo Executivo, mas com parcelas a serem pagas até julho. nesta quinta, os técnicos da saúde, como enfermeiros, se reúnem com a comissão de negociação do governo para decidir se voltam ou não ao trabalho.

Cerca de 200 profissionais já pediram demissão durante a greve. Postos e unidades de saúde estão fechados, deixando quase 2 mil pessoas sem atendimento por dia.

Temporão condena greves e anuncia R$ 540 milhões

Diante do caos no sistema público de estados do Nordeste, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, condenou nesta terça-feira as greves de médicos. Segundo ele, o direito à vida está acima do direito à greve. Temporão descartou intervenção federal no sistema de saúde dos estados onde há greve de médicos, argumentando que a experiência no Rio de Janeiro não foi bem-sucedida. Disse ainda que a relação trabalhista entre servidores e governos estaduais não é da alçada da União.

Para o ministro, a reivindicação dos médicos e servidores da saúde é justa, porque os salários são baixos. Em Alagoas, por exemplo, o salário médio está na faixa de R$ 1,2 mil por mês por 20 horas semanais.

Depois de liberar R$ 26 milhões para o estado de Alagoas, que enfrenta greve de profissionais de saúde, Temporão anunciou nesta terça-feira outros R$ 540 milhões para ampliação de consultas, internações e cirurgias nos estados. Os recursos, que devem ser liberados até o fim do ano e começam a ser repassados em setembro, fazem parte do programa de atenção de alta e média complexidade.

Em meio à crise, maiores hospitais de Alagoas correm risco de fechar

O estado de emergência na área da saúde em Alagoas, decretado na última sexta-feira pelo governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), não alterou o quadro de caos em hospitais e unidades de saúde nem acabou com a greve dos médicos. Os quatro ambulatórios da capital estão fechados e há risco de suspensão do atendimen nos dois maiores hospitais públicos alagoanos, as unidades de Emergência do Agreste, em Arapiraca, e de Maceió.

"A Unidade de Emergência de Maceió virou hospital de guerra. Bagdá e Alagoas, na área médica, estão no mesmo patamar, com péssimas condições de trabalho e salários de fome", disse o presidente do Sindicato dos Médicos, Welington Galvão, referindo-se à capital do Iraque, país em guerra no Oriente Médio.

Os médicos que pediram demissão ainda não chegaram a um acordo com o governo. Mas a situação pode se agravar porque mais uma categoria resolveu cruzar os braços. Enfermeiros, auxiliares de enfermagem e assistentes sociais, entre outros profissionais da saúde querem 80% de aumento salarial. Os servidores esperam uma contraproposta do governo até quarta-feira. "Então a categoria decidirá se aceita e pára a greve ou se continua a paralisação", informa a técnica de enfermagem Jane Rocha.

Da Agência O Globo

Nenhum comentário: