terça-feira, 21 de agosto de 2007

Hipertensão subdiagnosticada

Doença nas crianças relacionada com obesidade

Três em cada quatro crianças com hipertensão não têm a doença diagnosticada, revela um estudo norte-americano, concluindo que a enfermidade está subdiagnosticada e a crescer entre a população infantil. O aumento da hipertensão está associado à obesidade.

De acordo com o estudo, divulgado no mais recente número do «Journal of the American Medical Association», a hipertensão crónica apresenta uma prevalência estimada de cerca de dois a cinco por cento entre as crianças e adolescentes, entre os quais é uma doença cada vez mais comum, aumentando a sua prevalência em conjunto com a epidemia da obesidade infantil. O diagnóstico da hipertensão nas crianças é complicado, porque os valores normais e anormais da pressão sanguínea variam com a idade, sexo e peso, de acordo com a informação do artigo.

Matthew L. Hansen, da Case Western Reserve University, de Cleveland, EUA, e colegas conduziram um estudo para determinar a frequência da hipertensão não diagnosticada e da pré-hipertensão em crianças dos três aos 18 anos de idade. O estudo abrangeu 14.187 crianças e adolescentes que foram observados pelo menos três vezes em clínicas pelos serviços de saúde norte-americanos entre Junho de 1999 e Setembro de 2006. Os investigadores descobriram que os critérios que estabeleceram para a hipertensão foram encontrados em 507 das crianças estudadas (3,6 por cento). De entre as crianças com hipertensão, apenas 131 (26 por cento) tinham um diagnóstico de hipertensão ou pressão sanguínea elevada documentada nos registos médicos, ou seja 376 de 507 pacientes (74 por cento) apresentavam hipertensão não diagnosticada.

Portugal

Em Portugal, segundo Leonor Sassetti, da Secção de Pediatria Ambulatória da Sociedade Portuguesa de Pediatria e pediatra no Hospital D. Estefânia, “a medição da tensão arterial nas crianças faz parte das consultas de vigilância de saúde, por rotina, a partir dos quatro anos”, mas “existem apenas estudos parcelares sobre a incidência deste problema” na idade pediátrica. “O Programa de Vigilância de Saúde Infantil e Juvenil, da responsabilidade da Direcção-geral de Saúde, inclui as tabelas que permitem classificar os valores encontrados em tensão arterial «normal», «pré-hipertensão» ou «hipertensão», de acordo com a idade, sexo e percentil da altura”, refere, salientando, contudo, que “a inexistência, nos centros de saúde e consultórios, de braçadeiras de vários tamanhos, é frequentemente evocada como a principal razão para não se proceder a esta medição”. Portugal é o segundo país europeu com maior prevalência de excesso de peso e obesidade em crianças. Cerca de 31,5 por cento das crianças portuguesas entre os sete e os nove anos de idade têm excesso de peso ou obesidade, sendo as do sexo feminino as mais afectadas.

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