Para agência de ratings, moeda pode atuar como ''colchão amortecedor''.
Denize Bacoccina - BBC
De Brasília - A agência de ratings Fitch diz que o Brasil deve sofrer com a crise nos mercados financeiros, mas afirma que o governo tem recursos para pagar a parcela da dívida pública que vence este ano e que o elevado volume de reservas permite que o governo fique fora do mercado de capitais por algum tempo.
"A situação de crédito do Brasil aumenta a resistência da economia brasileira a um ambiente externo adverso, já que as autoridades podem permitir que a moeda atue como um colchão amortecedor, sem com isso prejudicar de forma significativa a dinâmica da dívida pública", diz um relatório da agência sobre o impacto da crise na América Latina.
A agência diz que, dos países da região, Chile e México - os dois países classificados como grau de investimento - são os mais preparadas para lidar com um choque externo, "por causa dos seus regimes de políticas, mercados locais mais aprofundados e saudável liquidez internacional".
A maior parte dos países da América Latina tem uma posição "relativamente boa" para enfrentar a crise atual, na avaliação da agência.
Nesta terça-feira, o índice Bovespa, da bolsa de valores de São Paulo, encerrou o dia em +1,24% - o segundo dia seguido com uma alta superior a 1% no fechamento, recuperando perdas da semana passada.
A bolsa paulistana teve um dia de instabilidade, repetindo o comportamento da bolsa de Nova York, onde o índice Dow Jones fechou com queda de 0,23%.
No mercado de câmbio, o dólar teve uma valorização de 0,25%, encerrando o dia cotado a R$ 2,034.
"Nas últimas semanas, investidores venderam papéis de países emergentes para ganhar liquidez, resultando numa depreciação de algumas moedas latino-americanas e em quedas nos mercados de ações e renda fixa da região", diz o relatório da Fitch.
Mas a agência ressalva que a crise externa pode dificultar a emissão de papéis em moeda local no exterior, uma tendência verificada nos últimos anos no Brasil e em outros países da região como Colômbia, Uruguai e Peru.
A agência diz que a maior parte dos países tem reservas suficientes para cobrir os vencimentos deste ano, estimados em US$ 8 bilhões, e não espera uma piora na classificação de risco dos papéis soberanos desses países.
"Reservas internacionais mais elevadas, necessidades financeiras menores e a prevalência de taxas de câmbio flexíveis na região devem permitir uma flexibilidade para a maioria dos países para lidar com a situação externa", disse Shelly Shetty, diretora-sênior da Fitch na área de risco soberano.
A agência também deve revisar a previsão de crescimento econômico para este ano e o próximo, considerando o impacto do possível crescimento menor da economia americana. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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