sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Iraque evita ação se reprimir curdos, diz premier turco

Agencia Estado


O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, comentou hoje que o Iraque pode evitar uma incursão militar turca no norte do país caso erradique bases usadas por rebeldes curdos e extradite os líderes da insurgência. Em Bagdá, porém, o ministro iraquiano das Relações Exteriores, Hoshyar Zebari, disse que o governo não dispõe de recursos para combater os guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, por suas iniciais em curdo).

O presidente da região autônoma curda no norte do Iraque, Massoud Barzani, convidou a Turquia para engajar-se em negociações diretas, mas disse que as forças locais de segurança resistirão a uma eventual invasão turca. "A experiência dos últimos anos mostrou que esse assunto não pode ser solucionado pela via militar", declarou Barzani. "Se a região ou a experiência do Curdistão sofrerem algum tipo de agressão por qualquer que seja o motivo, estaremos totalmente preparados para defender nossa experiência democrática, a dignidade de nosso povo e a inviolabilidade de nossa terra".

Barzani procurou isentar os curdos iraquianos de responsabilidade pelo conflito entre a Turquia e o PKK e negou que apóie os rebeldes curdos que atacam o país vizinho. Nesta semana, o Parlamento turco autorizou o Exército do país a cruzar a fronteira com o Iraque a qualquer momento ao longo dos próximos 12 meses para tentar erradicar bases do PKK, reivindicando o direito de Ancara de combater o que considera "terrorismo".

Assim como a aliada Turquia, os Estados Unidos qualificam o PKK como uma organização "terrorista". Apesar de o presidente americano, George W. Bush, ter rotulado a ocupação do Iraque como parte de sua "guerra ao terror" e pressionado aliados para que ajudassem com tropas, Washington insiste que Ancara opte pela via diplomática ao invés de enviar tropas ao norte iraquiano. Tanto os Estados Unidos quanto o Iraque opõem-se a uma eventual ação unilateral turca por temerem o aumento da violência em uma das poucas áreas ainda razoavelmente estáveis do país.

"Os acampamentos do PKK deveriam ser erradicados e os líderes rebeldes, extraditados. Isso seria suficiente para a Turquia", declarou o premier turco Erdogan hoje. O governo turco ressente-se especialmente do fato de os EUA possuírem mais de 160 mil soldados no Iraque, travando o que a Casa Branca chama de "guerra ao terror", mas nada fazer para erradicar um grupo considerado terrorista tanto por Washington quanto por Ancara.

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