Em reunião com o presidente da ANP, Rice disse que esse objetivo é essencial para futuro do Oriente Médio
RAMALLAH - A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, disse ontem em Ramallah que “chegou o momento de estabelecer um Estado palestino” e que seu país considera este objetivo prioridade máxima. “Vemos o estabelecimento de um Estado palestino como uma questão absolutamente essencial para o futuro, não só de palestinos e israelenses, mas também para o Oriente Médio e sobretudo para o interesse dos EUA”, declarou Rice em entrevista coletiva conjunta com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.
Rice se reuniu ontem com Abbas na “Muqata” (sede oficial da Presidência) em Ramallah, após fazer o mesmo com o primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, e com o chefe da equipe de negociações com Israel, o ex-primeiro-ministro Ahmed Qorei.
A secretária americana afirmou que o trabalho israelense e palestino prévio à conferência internacional de novembro “sugere que este é o esforço mais sério para tentar pôr fim ao conflito em muitos, muitos anos”. Ela reiterou que o documento preparado “não é um acordo definitivo em si mesmo, mas tem por missão demonstrar que existem as bases para as negociações destinadas ao estabelecimento de um Estado palestino”. Abbas se expressou na mesma linha, recusando-se a especificar as questões atualmente discutidas com os israelenses. Ele se limitou a declarar que, quando o texto for finalizado, “tudo ficará claro na conferência”.
A declaração conjunta será o ponto de partida para futuras conversas com o propósito de estabelecer um Estado palestino, disse ele, afirmando que a base para qualquer solução será o “Mapa do Caminho”, o plano de paz elaborado pelo Quarteto para o Oriente Médio (EUA, a UE, a ONU e Rússia). Apesar de nos últimos dias Rice ter baixado o nível das expectativas da reunião, que acontecerá em Annapolis (EUA), ontem ela insistiu que as partes se esforçam para apresentar um “documento substancial e concreto que mostrará que há um caminho a seguir”. “Francamente, temos coisas melhores a fazer do que convidar as pessoas a Annapolis para tirar uma foto”, disse Rice.
Ontem, o presidente da ANP disse que continua considerando Cisjordânia, Jerusalém e a Faixa de Gaza como “uma só entidade indivisível” e que faz tudo possível para reinar a segurança e a ordem nos territórios palestinos, especialmente após a tomada da Faixa pelo Hamas. Abbas pediu a Rice que aja para conter a expansão dos assentamentos judeus, a construção do muro na Cisjordânia, a desapropriação de terras palestinas em torno de Jerusalém por Israel e que, paralelamente, force Israel a libertar prisioneiros palestinos.
Também pediu que os EUA exerçam pressão para interromper as obras de construção em torno da Mesquita de al-Aqsa, retornar à situação anterior à explosão da atual Intifada, iniciada em setembro de 2000 e voltem a abrir as instituições palestinas em Jerusalém Oriental. Ontem, em Israel, o primeiro-ministro Ehud Olmert foi a Knesset (Parlamento) expressar dúvidas sobre se alguns bairros árabes de Jerusalém Oriental deveriam integrar o que Israel considera sua capital.
As declarações causaram forte polêmica. Analistas políticos acreditam que o premier israelense tenta antecipar para a opinião pública de seu país e dos nacionalistas no gabinete sua posição a respeito de uma eventual divisão da disputada cidade. Rice deve encontrar sua colega israelense, Tzipi Livni, nova chefe de negociações, amanhã em Jerusalém. A secretária volta a se reunir com Olmert e Abbas antes de terminar a visita à região, que também inclui encontros com egípcios e o rei da Jordânia, Abdullah II. (EFE)
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Israel e Hezbollah fazem trocas
NAQOURA, Líbano - Israel entregou a agentes da Cruz Vermelha Internacional pelo menos um prisioneiro e os corpos de dois guerrilheiros do Hezbollah numa troca pelo cadáver de um civil israelense, informou uma agência de notícias libanesa. Um veículo militar israelense carregando os corpos dos libaneses mortos foi visto se dirigindo à chamada “terra de ninguém” na fronteira entre os dois países no crepúsculo de ontem, e retornando após se encontrar no caminho com ambulâncias libanesas.
Um funcionário no Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Beirute disse que a organização atuou como intermediária. Os corpos dos dois libaneses foram devolvidos por Israel e o corpo de um civil israelense foi entregue pelos libaneses. Oficiais da segurança libanesa com conhecimento da troca disseram mais tarde que um prisioneiro libanês nas mãos dos israelenses foi entregue mais tarde e a troca foi completada três horas após ter começado. Oficiais israelenses confirmaram que uma troca estava a caminho. O canal 2 da TV de Israel confirmou que o corpo do israelense entregue é de Gabriel Dwait, um imigrante judeu da Etiópia, que morreu em 2005 no Líbano.
Embora a troca de ontem tenha sido limitada, o fato que tenha ocorrido poderá melhorar as chances de novas trocas que possam envolver dois soldados israelenses, cuja captura no ano passado foi o estopim para a guerra entre Israel e o Hezbollah. Em comunicado, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse que o acordo estava “na arquitetura das negociações para o retorno dos soldados capturados, Eldad Regev e Ehud Goldwasser.” (AP)
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