Em entrevista coletiva, Dirceu Cardoso afirmou que produto vendido na Bahia está livre de contaminação
Ciro Brigham
Não há motivos para alarde: o consumidor pode ficar tranqüilo quanto à procedência dos lotes das marcas de leite longa vida disponíveis nas prateleiras dos supermercados. O recado foi reforçado ontem pelo diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Raposo de Mello, em entrevista coletiva concedida na sede do órgão em Salvador. Sem mais novidades sobre a adulteração do leite na cadeia produtiva de duas cooperativas de Minas Gerais, investigada pela Polícia Federal (Operação Ouro Branco), Raposo de Mello reforçou o que havia dito a diretora da agência, Maria Cecília Brito, na última sexta-feira (26), em Brasília (DF).
Os laudos da Polícia Federal, enviados à Anvisa na quinta-feira (25) à noite, confirmaram irregularidades no processamento do leite pelas cooperativas Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil) e dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale), mas não foi constatada a suposta presença de soda cáustica, substância imprópria ao consumo humano. Como as amostras analisadas estão em “desacordo com os padrões de identidade e qualidade considerados pela legislação” – especialmente quanto à acidez e às taxas de gordura – a Anvisa determinou a interdição dos estoques.
Das três marcas de leite longa vida integral que, segundo a Polícia Federal e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), recebiam das cooperativas e comercializavam o produto adulterado, somente a Parmalat é encontrada nas prateleiras dos supermercados baianos. Em Salvador, gerentes de estabelecimentos divulgaram que o leite Parmalat vendido na Bahia é embalado no próprio estado, em São Paulo e Pernambuco, diferentemente dos lotes suspeitos de adulteração, embalados nas cidades de Santa Helena de Goiás (GO) e Carazinho (RS).
Confusão - Mesmo que o leite adulterado tivesse vindo para o estado, dificilmente o produto ainda estaria nas prateleiras: o prazo de validade dos três lotes interditados da Parmalat já venceu. Confuso, o consumidor prefere não arriscar. Basta uma visita ao supermercado para perceber como é difícil encontrar alguém levando o leite da marca para casa. Em compras no Hiperbompreço da av. Garibaldi, o pecuarista José Tavares Dantas Neto trazia duas caixas do leite Parmalat semi-desnatado no carrinho. “Será que tem algum problema? Eu vi na televisão que não e dois funcionários me disseram o mesmo. Mas acho que vou perguntar de novo”, disse, precavido.
Técnicos da Anvisa encaminharam, na quinta-feira, outras 50 amostras colhidas em Uberaba (MG) para análise no laboratório de saúde pública de Minas Gerais (Fundação Ezequiel Dias – Funed), em Belo Horizonte. A estimativa é de que o resultado dos testes chegue à agência em uma semana: através deles, será possível detectar, com precisão, quais substâncias foram adicionadas de forma irregular ao produto.
“Queremos tranqüilizar a população e dizer que os produtos lácteos podem ser consumidos sem nenhum problema. Continuamos com o monitoramento constante, que é feito através da sangria de lotes. Nas cidades que têm vigilância sanitária municipal estruturada, esse monitoramento é feito pela própria secretaria de saúde local; nos outros, a responsabilidade é dos estados”, informou Dirceu Raposo de Mello, defendendo que “o caso específico, em se confirmando o crime, é de competência policial, não havendo razão para se criminalizar toda a cadeia produtiva por isso”.
Do Site:
http://www.correiodabahia.com.br/aquisalvador/noticia.asp?codigo=140270
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