domingo, 28 de outubro de 2007

Diretor da Anvisa garante qualidade de leite


Em entrevista coletiva, Dirceu Cardoso afirmou que produto vendido na Bahia está livre de contaminação




Ciro Brigham


Não há motivos para alarde: o consumidor pode ficar tranqüilo quanto à procedência dos lotes das marcas de leite longa vida disponíveis nas prateleiras dos supermercados. O recado foi reforçado ontem pelo diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Raposo de Mello, em entrevista coletiva concedida na sede do órgão em Salvador. Sem mais novidades sobre a adulteração do leite na cadeia produtiva de duas cooperativas de Minas Gerais, investigada pela Polícia Federal (Operação Ouro Branco), Raposo de Mello reforçou o que havia dito a diretora da agência, Maria Cecília Brito, na última sexta-feira (26), em Brasília (DF).


Os laudos da Polícia Federal, enviados à Anvisa na quinta-feira (25) à noite, confirmaram irregularidades no processamento do leite pelas cooperativas Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil) e dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale), mas não foi constatada a suposta presença de soda cáustica, substância imprópria ao consumo humano. Como as amostras analisadas estão em “desacordo com os padrões de identidade e qualidade considerados pela legislação” – especialmente quanto à acidez e às taxas de gordura – a Anvisa determinou a interdição dos estoques.


Das três marcas de leite longa vida integral que, segundo a Polícia Federal e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), recebiam das cooperativas e comercializavam o produto adulterado, somente a Parmalat é encontrada nas prateleiras dos supermercados baianos. Em Salvador, gerentes de estabelecimentos divulgaram que o leite Parmalat vendido na Bahia é embalado no próprio estado, em São Paulo e Pernambuco, diferentemente dos lotes suspeitos de adulteração, embalados nas cidades de Santa Helena de Goiás (GO) e Carazinho (RS).


Confusão - Mesmo que o leite adulterado tivesse vindo para o estado, dificilmente o produto ainda estaria nas prateleiras: o prazo de validade dos três lotes interditados da Parmalat já venceu. Confuso, o consumidor prefere não arriscar. Basta uma visita ao supermercado para perceber como é difícil encontrar alguém levando o leite da marca para casa. Em compras no Hiperbompreço da av. Garibaldi, o pecuarista José Tavares Dantas Neto trazia duas caixas do leite Parmalat semi-desnatado no carrinho. “Será que tem algum problema? Eu vi na televisão que não e dois funcionários me disseram o mesmo. Mas acho que vou perguntar de novo”, disse, precavido.


Técnicos da Anvisa encaminharam, na quinta-feira, outras 50 amostras colhidas em Uberaba (MG) para análise no laboratório de saúde pública de Minas Gerais (Fundação Ezequiel Dias – Funed), em Belo Horizonte. A estimativa é de que o resultado dos testes chegue à agência em uma semana: através deles, será possível detectar, com precisão, quais substâncias foram adicionadas de forma irregular ao produto.


“Queremos tranqüilizar a população e dizer que os produtos lácteos podem ser consumidos sem nenhum problema. Continuamos com o monitoramento constante, que é feito através da sangria de lotes. Nas cidades que têm vigilância sanitária municipal estruturada, esse monitoramento é feito pela própria secretaria de saúde local; nos outros, a responsabilidade é dos estados”, informou Dirceu Raposo de Mello, defendendo que “o caso específico, em se confirmando o crime, é de competência policial, não havendo razão para se criminalizar toda a cadeia produtiva por isso”.

Do Site:

http://www.correiodabahia.com.br/aquisalvador/noticia.asp?codigo=140270

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