quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Com champanhe, líderes coreanos assinam cessar-fogo


Coréia do Norte e Coréia do Sul concluíram nesta quinta a histórica reunião de cúpula.Pelo acordo, só assinaram um armistício e não um tratado de paz.
Do G1, em São Paulo, com agências






Reuters
O presidente sul-coreano, Roh Moo-hyun, e o líder norte-coreano, Kim Jong-il (dir.), selam acordo de paz. (Foto: Reuters)





Coréia do Norte e Coréia do Sul concluíram nesta quinta-feira (4) a histórica reunião de cúpula em Pyongyang com um pacto de paz, uma declaração conjunta destinada a promover a prosperidade na península e a promessa de livrar totalmente a península dos programas nucleares, 54 anos depois do fim da guerra.






VEJA OS PRINCIPAIS PONTOS DO ACORDO





O presidente da Coréia do Norte, Kim Jong-Il, e seu colega do Sul, Roo Moo-Hyun, assinaram a declaração conjunta. Eles, porém, só assinaram um armistício e não um tratado de paz, e precisam da assinatura dos Estados Unidos e da China, que também participaram na guerra, para acabar oficialmente com a mesma. Apesar do acordo, ainda não serão permitidas as viagens entre coreanos, mas ambos os países ampliarão o encontro das famílias separadas e vão iniciar a troca de mensagens em vídeo (clique aqui para saber mais sobre a divisão das Coréias).





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Um tratado de paz acabaria formalmente com mais de meio século de guerra, desde o conflito de 1950-1953 que levou à divisão da península em dois Estados.





Com taças de champanhe nas mãos, o presidente sul-coreano e o líder norte-coreano também reiteraram o compromisso para garantir que os acordos para o desmantelamento das instalações nucleares da Coréia do Norte sigam adiante.





O regime comunista aceitou, em 13 de fevereiro, renunciar ao programa nuclear em troca de uma importante ajuda energética e de garantias de segurança, quatro meses depois de ter testado sua primeira bomba atômica.





Segundo um acordo anunciado na quarta-feira pela China, a Coréia do Norte aceitou fechar sua principal instalação nuclear, em Yongbyon, antes de 31 de dezembro sob a supervisão dos Estados Unidos.





A reunião de cúpula que chegou ao fim nesta quinta foi apenas a segunda nos 59 anos de divisão da Península da Coréia. Um primeiro encontro histórico quebrou o gelo entre os dois vizinhos inimigos em 2000.





Confira os principais pontos da declaração:





A Coréia do Norte e a Coréia do Sul decidiram encaminhar-se para uma relação de respeito mútuo e confiança, superando as diferenças entre os dois países em idéias e regimes.





As duas Coréias não interferirão nos assuntos internos uma da outra e as relações intercoreanas serão encaminhadas de acordo com os princípios de reconciliação e reunificação.





Visando à futura reunificação, as duas Coréias revisarão seus respectivos sistemas legislativos e institucionais.





As duas Coréias cooperarão inteiramente para acabar com a hostilidade militar, garantir a redução das tensões e assegurar a paz na península.





Ambas não se considerarão inimigas e os conflitos serão resolvidos por meio do diálogo. Ambas se opõem a qualquer guerra na península coreana e respeitam as obrigações de não-beligerâncias.





Em busca de medidas para diminuir a tensão, será realizada uma reunião dos ministros da Defesa em novembro em Pyongyang.





A Coréia do Sul e a Coréia do Norte compartilharam a necessidade de pôr fim ao atual sistema de armistício e estabelecer uma paz permanente. Promoverão uma reunião na península de três ou quatro líderes dos países com envolvimento direto (China e EUA) para tentar declarar formalmente o fim da guerra de 1950-1953.





As duas Coréias decidiram trabalhar conjuntamente para pôr em prática o comunicado conjunto de 19 de setembro e o acordo de 13 de fevereiro, ambos adotados durante a reunião de seis lados, na busca de uma solução para o problema nuclear na península.





A Coréia do Norte e a Coréia do Sul decidiram fomentar e ampliar a cooperação econômica ligada a um desenvolvimento equilibrado da economia e à prosperidade comum.





Ambas estimularão o investimento entre os dois países e promoverão a exploração de recursos, além de oferecer tratamento prioritário e especial para os projetos econômicos bilaterais.





Criarão uma "Zona especial de paz e cooperação do Mar Ocidental (Mar Amarelo)", a fim de diminuir a tensão militar.





Também permitirão a passagem dos navios civis na rota direta da cidade norte-coreana de Haeju (com as cidades sul-coreanas).





Iniciarão o transporte de mercadorias por ferrovia entre a cidade de Munsan (Sul) e Bongdong (Norte).





Tentarão reformar a ferrovia entre as cidades norte-coreanas de Kaesong e Sinuiju e a estrada norte-coreana entre Kaesong e Pyongyang para que os dois países possam utilizá-las.





Construirão estaleiros nas cidades norte-coreanas de Anbyon e Nampo, além de iniciar projetos em agricultura, saúde e meio ambiente.





Promoverão a troca cultural e social.





Abrirão o turismo via aérea entre Seul e o principal monte norte-coreano de Paektu.
Enviarão os torcedores das equipes das duas Coréias a Pequim por ferrovia por ocasião dos Jogos Olímpicos de 2008.





Impulsionarão projetos humanitários.





Ampliarão o encontro das famílias separadas e iniciar a troca de mensagens em vídeo.
Consolidarão as ajudas nos desastres naturais.





Cooperarão a favor do interesse do povo coreano na comunidade internacional.





Para pôr em prática esta declaração, as duas Coréias realizarão reuniões entre os primeiros-ministros dos dois países. A primeira acontecerá em novembro em Seul. Os presidentes das duas Coréias prometeram reunir-se periodicamente para tratar dos temas atuais.

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