domingo, 9 de setembro de 2007

Placar para cassação de Renan ainda tem 23 votos indefinidos

Luiz Carlos AzedoDo Correio Braziliense


O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), está sendo aconselhado por seus aliados a trocar o cargo pelo mandato de senador, num acordo de bastidores com a oposição, no qual ele sofreria uma punição mais branda do que a cassação. Esse acordo salvaria seu mandato e, em parte, a imagem da Casa. Renan, entretanto, teme que o gesto acabe resultando na aprovação do pedido de cassação, pois seria um sinal de fraqueza numa hora decisiva.

Ele será julgado em sessão secreta na quarta-feira. Levantamento feito pelo Correio mostra um cenário apertado. Apuração junto a parlamentares e líderes de bancada apontou 30 votos pela cassação, 28 pela absolvição e 23 indefinidos. São senadores que não revelam o voto. Para que Renan perca o mandato, é preciso que 41 parlamentares votem pela cassação.

Renan cobra o apoio do Palácio do Planalto e diz contar com a adesão da bancada do PT para sua absolvição. “A minha relação com o PT nunca esteve tão bem como está agora, afirmou na quinta-feira, antes de viajar para Alagoas, onde passa o final de semana. A bancada petista tem 12 senadores. Renan, entretanto, não conta com todos. Alguns já declararam publicamente que votarão pela sua cassação: Eduardo Suplicy (SP) e Augusto Botelho (RR). A líder petista Ideli Salvatti (SC) trabalha pela absolvição, mas a lista dos indefinidos não pára de crescer: Aloizio Mercadante (SP), Paulo Paim (RS), Flávio Arns (PR) e Tião Viana (AC) condicionam o voto contra a cassação ao afastamento da Presidência do Senado.

Renan também não pode contar com o apoio maciço da bancada do PMDB, que tem 19 senadores. Os ex-governadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) estão na linha de frente dos que defendem a cassação. E a lista dos “inescrutáveis” – senadores cuja posição é uma incógnita – está crescendo entre os peemedebista: Garibaldi Alves (RN), Gérson Camata (ES), Valter Pereira (MS) e Mão Santa (PI) permanecem indefinidos.

Aliados

A esperança de Renan é buscar votos entre os amigos da oposição. Isso é possível na votação secreta, porque nem todos concordam com a orientação dos líderes do DEM, José Agripino (RN), e do PSDB, Arthur Virgílio (AM), que defendem a cassação. Com 17 senadores, votam a favor de Renan, Edison Lobão (AM), aliado de Sarney, e Antônio Carlos Filho (BA), por conta das excelentes relações que o atual presidente do Senado mantinha com o seu pai, o falecido senador Antônio Carlos Magalhães (BA).

No PSDB, Renan espera contar com os votos de Eduardo Azeredo (MG), a quem protegeu no escândalo do mensalão, e João Tenório (AL), que assumiu a vaga aberta pela eleição de Teotônio Vilela Filho para o governo de Alagoas. A lista de inescrutáveis nos dois partidos também é grande.

Na verdade, cresce a convicção de que Renan não tem mais condições de permanecer à frente do Senado. Mesmo os aliados avaliam que, se for absolvido, Renan será um fardo pesado a carregar até as eleições, desgastando a imagem da Casa. Uma das hipóteses é a licença da Presidência do Senado, o que possibilitaria a substituição de Renan por Tião Viana. A outra, a renúncia pura e simples, com a indicação de um senador peemedebista de suas relações para o cargo. Até agora, Renan não deu o menor sinal de que pretende ceder: aposta no tudo ou nada da votação secreta. E exige solidariedade do governo, com o argumento de que a oposição quer cassá-lo para tomar o comando do Senado e criar dificuldades para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Sexta-feira, no 7 de Setembro, o ministro da Justiça, Tarso Genro, reiterou as declarações do presidente Lula de que o Palácio do Planalto não se envolverá na votação do pedido de cassação. Não é bem assim. O ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, tem se movimentado em sentido contrário, cobrando o posicionamento dos parlamentares da base governista a favor de Renan.

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