Por Silvio Cascione
SÃO PAULO (Reuters) - O fluxo cambial positivo ameaçou descolar o dólar do pessimismo das bolsas de valores, mas a forte queda das ações pesou e fez a moeda norte-americana fechar estável nesta quarta-feira.
A divisa encerrou a 1,861 real mas, durante os negócios, chegou a ser vendida a 1,853 real no pregão à vista da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). O dólar subiu em apenas duas das 13 sessões de julho, mês em que acumula baixa de 3,58 por cento.
"Teve entrada de divisas, e o dólar caiu por conta desse fluxo. Agora se recuperou por conta do ambiente lá fora, que é bem ruim", disse Jorge Knauer, gerente de câmbio do Banco Prosper, no Rio de Janeiro.
As bolsas de valores nos Estados Unidos caíam em meio à preocupação com o crédito imobiliário de risco. O temor aumentou com o comentário do chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, de que os problemas no setor podem afetar a recuperação esperada no crescimento econômico norte-americano.
Sidnei Moura Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, acrescentou em relatório que há recuperações pontuais na cotação do dólar devido a ajustes de posições e a uma diminuição da oferta por parte dos exportadores, que evitam vender com uma cotação muito baixa da moeda norte-americana.
Esse movimento, porém, é "ocasional e não sustentável", acrescentou.
Além disso, dados do Banco Central apontam que o fluxo cambial sofreu uma diminuição no mês, ficando positivo em 1,446 bilhão de dólares nos primeiros dez dias úteis de julho, ante 7,821 bilhões de dólares no mesmo período do mês anterior.
O BC comprou dólares no mercado à vista na última hora de negócios. Na operação, o BC definiu corte a 1,8605 real e aceitou, segundo operadores, ao menos 13 propostas.
Após o fechamento, o mercado mantém a atenção sobre a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A expectativa de investidores é de um novo corte de 0,50 ponto percentual da taxa básica de juro.
A decisão, já precificada, deve ter pouca repercussão sobre o dólar, disseram analistas. Miriam Tavares, diretora de câmbio da AGK Corretora, disse porém que uma possível indicação sobre as futuras decisões pode ter influência sobre os negócios.
"O que pode ter algum reflexo é o placar... Se ele apontar mais para 0,25 ponto (percentual de corte na próxima reunião), o mercado pode reagir um pouco negativamente", afirmou Miriam.
(Com reportagem adicional de Vanessa Stelzer)
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