quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Presidente do Senado italiano vai formar governo de transição

Franco Marini tem ainda missão de impulsionar reforma da lei eleitoral



Gabriella Dorlhiac



O presidente italiano, Giorgio Napolitano, pediu ontem que o presidente do Senado, Franco Marini, verifique se existe a possibilidade de formação de um governo de transição. Com a iniciativa, Napolitano tenta a todo custo conseguir tempo para a reforma da lei eleitoral italiana - que dá muito poder aos pequenos partidos, criando coalizões instáveis - antes de convocar eleições.


“Pedi ao presidente do Senado, por sua responsabilidade institucional, que verifique a possibilidade de consenso para aprovar um projeto de reforma eleitoral e dê apoio a um governo que apóie essa nova lei e as decisões mais urgentes em alguns campos”, explicou Napolitano. Ele afirmou que tomou a decisão para evitar a dissolução do Parlamento - eleito há dois anos. Marini afirmou que tentará concluir a tarefa o “mais rápido possível”.


A atual crise italiana começou na semana passada, quando a coalizão de centro-esquerda do premiê Romano Prodi perdeu sua maioria no Senado, após a saída do pequeno partido Udeur. No dia 24, depois de ser derrotado na votação de moção de confiança, Prodi apresentou sua renúncia. A partir disso, o país enfrentou uma queda-de-braço entre a centro-esquerda, favorável a um governo de transição e à reforma da lei, e a direita, que exige eleições imediatas - pesquisas indicam que a aliança do ex-premiê Silvio Berlusconi venceria com facilidade. Berlusconi criticou ontem a decisão de Napolitano. “A única necessidade do país é a de não perder tempo”, afirmou.


O senador Edoardo Pollastri, brasileiro eleito pelos italianos residentes na América Latina, acredita que a decisão foi a melhor estratégia para encerrar a crise. “A escolha de Marini foi a melhor possível. Ele é respeitado tanto pela esquerda quanto pela direita”, disse Pollastri ao Estado. Para o senador, ainda não é possível prever se Marini conseguirá formar uma nova coalizão. “A sociedade civil vem pressionando muito pela formação de um novo governo e pela reforma da lei que acabaria com a instabilidade política.”


FRANCO MARINI



Nascido em 1933, Marini é um dos nomes mais respeitados da política italiana. Centrista, é membro do Partido Democrático


Formado em advocacia, Marini foi secretário-geral da Confederação Italiana de Sindicatos Trabalhistas (CISL), o segundo maior sindicato da Itália, entre 1985 e 1991


A ascensão política do atual presidente do Senado ocorreu nos anos 90, em meio a uma ofensiva anticorrupção que dizimou uma geração de políticos italianos


Foi ministro do Trabalho e da Previdência Social de 1991 a 1992


Objetivo, Marini repreendeu na semana passada os senadores que festejaram a derrota do premiê Romano Prodi com champanhe: ‘Isso não é um bar’


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