ALBANO MATOS
Líder da oposição condenado a cinco dias de prisão
Foi aos gritos da multidão de "Liberdade! Liberdade!" que o antigo campeão mundial de xadrez Garry Kasparov foi ontem detido pela polícia em Moscovo. Horas depois, seria condenado por um tribunal sumário a cinco dias de prisão.
O actual líder do movimento A Outra Rússia e candidato à eleição presidencial de Março de 2008 encabeçava uma manifestação de três mil pessoas contra o Presidente Vladimir Putin, no âmbito das actividades de campanha das eleições legislativas do próximo domingo.
Com Kasparov foram detidos outros dirigentes da oposição: Eduard Limonov, líder do Partido Nacional Bolchevique, Lev Ponomarev, da Organização pelos Direitos Humanos, Ilia Iachin, da formação juvenil do partido Iabloko e Maria Gaidar, do partido liberal SPS. Esta última, filha do antigo primeiro-ministro russo Igor Gaidar, seria rapidamente libertada, já que se trata de uma candidata às eleições legislativas.
Depois da manifestação, os principais dirigentes deslocavam-se à Comissão Eleitoral Central para entregar uma resolução, aprovada no comício, em que se protestava contra as "eleições injustas" de 2 de Dezembro. Terá sido então que a polícia actuou, carregando sobre manifestantes e jornalistas. Kasparov foi encurralado com os seus guarda-costas e, em seguida, metido à pressa num autocarro e conduzido a uma esquadra. Mais tarde, num tribunal sumário seria condenado a cinco dias de prisão por "manifestação não autorizada e desobediência às ordens da polícia".
Na sala de audiência, ao confessar a um repórter da AFP a convicção de que seria condenado, desabafou: "Manifesto-me no contexto das eleições. Que eu saiba, Putin participa na campanha (como cabeça de lista do partido Rússia Unida). E, afinal, o que eu digo é um delito.
""Não havia nenhum perigo para a ordem pública. O poder tem, muito simplesmente, medo de que as pessoas exprimam a sua contestação", comentara, momentos antes da detenção.
A marcha culminara com um comício na Avenida Sakharov, em que três mil pessoas entoaram palavras de ordem como "Precisamos de outra Rússia" e "Putin, vai-te embora".
"O nosso objectivo é o desmantelamento deste regime que cobre o país de vergonha. Vamos sair deste pântano de corrupção e de mentira", gritara Kasparov à multidão.
No mesmo sentido se pronunciaram outros dirigentes da oposição. Boris Nemtsov, da União das Forças de Direita, acusou Putin de "crueldade" e de "cinismo", manifestados "no teatro Dubrovka, em Beslan e na tragédia do submarino Kursk".
Quanto às críticas do Presidente à situação da Rússia nos anos 90 e ao poder dos oligarcas, Nemtsov respondeu: "Nós já lutávamos contra os oligarcas quando Putin ainda era amigo deles."
A manifestação, intitulada "marcha dos discordantes", devia ter-se realizado também noutras cidades russas, mas as autoridades policiaisdetiveram antecipadamente os organizadores. Com agências
do Site:
http://dn.sapo.pt/2007/11/25/internacional/policia_putin_prende_kasparov_moscov.html
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