terça-feira, 3 de julho de 2007

Ministro japonês que relativizou bomba atômica renuncia

Japão: ministro demite-se após declarações sobre HiroshimaO ministro da Defesa do Japão, Fumio Kyuma, demitiu-se hoje na sequência das polémicas declarações sobre a inevitabilidade dos bombardeamentos atómicos sobre Hiroshima e Nagasaki como forma de pôr termo à Segunda Guerra Mundial.

As declarações de Kyuma, a um mês de eleições parlamentares, enfureceram sobreviventes dos bombardeamentos, deputados e membros do governo, levando-o a pedir desculpa e a assumir a responsabilidade pelas afirmações, demitindo-se.

No sábado, o agora ex-ministro da Defesa, natural de Nagasaki, disse que a utilização da bomba atómica contra a sua cidade natal e contra Hiroshima tinha sido um meio inevitável para se obter o fim das hostilidades e a rendição do Japão.

As declarações contradizem a posição oficial japonesa de que a utilização de armas nucleares nunca tem qualquer justificação.

A polémica em torno das declarações vieram enfraquecer ainda mais o governo do primeiro-ministro Shinzo Abe, cuja popularidade nas sondagens tem vindo a cair progressivamente, às portas das eleições de 29 de Julho.

«Peço sinceramente desculpa e lamento ter incomodado a população de Nagasaki», disse Kyuma, mas as várias declarações de arrependimento não foram consideradas suficientes, tanto pelas autoridades de Nagasaki e Hiroshima como pelos partidos da oposição, que exigiram a cabeça do ministro da Defesa.

Kyuma disse especificamente que as bombas atómicas lançadas pelos Estados Unidos sobre aquelas duas cidades mas sem elas o Japão teria continuado a lutar e acabaria a perder uma parte ainda maior do seu território a norte para a União Soviética, que invadiu a Manchúria no dia do bombardeamento de Nagasaki.

A 06 de Agosto de 1945 os Estados Unidos lançaram uma bomba atómica sobre Hiroshima, matando pelo menos 140 mil pessoas.

Três dias depois, uma segunda bomba foi lançada sobre Nagasaki, provocando cerca de 74 mil mortos.

Diário Digital / Lusa

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