Tássia Novaes, do A Tarde On Line
A clínica ginecológica, Clilab, onde a dona-de-casa Iolanda Macedo Silva, 50 anos, foi morta durante troca de tiros, enquanto aguardava para ser atendida, voltou a funcionar na tarde desta quarta-feira, 4.
Iolanda foi atingida na barriga e no peito por bala perdida por volta das 4h30 da manhã. Chegou a ser levada à emergência do hospital Ernesto Simões, mas não resistiu aos ferimentos. O sepultamento foi realizado nesta quarta-feira, às 11 horas, no cemitério Quinta dos Lázaros, na Cidade Nova.
Durante a manhã a clínica esteve fechada. Só reabriu no período da tarde para atender consultas de pacientes vindos do interior. “Não conseguimos desmarcar”, disse uma médica que preferiu não se identificar. "Mas recebemos ligações de pacientes que estavam com medo de vir aqui", comentou.
Localizada na Rua Tenente Mário Alves, na Liberdade, a clínica atende principalmente moradores do bairro e pessoas do interior por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Funciona há 25 anos no local das 7h30 às 17h30. No horário em que está aberta, conta com serviço de segurança particular. No momento em que Iolanda foi atingida, a clínica estava fechada.
Clima de tensão - No dia seguinte ao crime, predominou o clima de tensão e receio entre os pacientes e funcionários da clínica. Procurados pela reportagem, ninguém quis conversar tampouco se identificar. Todos alegaram ter medo de sofrer retaliações caso se pronunciassem sobre o assunto.
Vizinho à clínica, o dentista Eduardo Martinez, 26 anos, passou o dia realizando atendimentos com o portão do consultório odontológico trancado com cadeado. “É triste, mas quem fica atrás das grades é o inocente", comenta. Quando chegou para trabalhar na terça-feira de manhã viu marcas de tiro no vidro de um carro estacionado na porta do consultório. "Outros imóveis aqui já foram assaltados, a maioria tem segurança particular”, conta.
Por ter receio de ser vítima de violência, Martinez encerra o atendimento às 17 horas. “Fecho tudo antes de escurecer justamente para evitar não sair muito tarde”, diz.
Na mesma rua funcionam ainda um mercadinho, uma clínica ortopédica e um consultório veterinário. Os proprietários dos imóveis também não quiseram se identificar, mas disseram ter medo de perder a clientela devido a fatalidade ocorrida na última terça-feira.
Segundo Elivaldo Castro Novaes, 30 anos, funcionário da clínica veterinária, o movimento de pessoas na rua nesta quarta foi menor que nos dias anteriores. "Acho que as pessoas se recolheram em casa, estão evitando vir para a rua", disse. O local onde trabalha também não funciona à noite. "Às vezes, os clientes até reclamam que a gente fecha muito cedo, mas faz medo trabalhar aqui até mais tarde".
Agentes da 2ª Delegacia estiveram em diligência no período da manhã para investigar o caso, mas até o momento os autores dos disparos não foram identificados.
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