quinta-feira, 3 de abril de 2008

Hillary e Obama discutem quem deve se opor ao Nafta

Colaboração para a Folha Online




Os pré-candidatos democratas à Casa Branca, Hillary Clinton e Barack Obama, debatem sobre qual deles deve se opor publicamente ao Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte) para conquistar o apelo dos líderes trabalhistas que acusam o tratado de ter causado uma migração de empregos dos Estados Unidos para outros países.




Embora não revelem publicamente, os pré-candidatos amplificaram o debate sobre o tema no partido, já que estão em plena campanha na Pensilvânia, Estado com um grande eleitorado de trabalhadores sindicalizados.




O objetivo é conquistar apoio entre os trabalhadores sindicalistas da AFL-CIO, confederação de sindicatos que reúne 830 mil trabalhadores e, segundo estimativas, tem influência direta em 4,1 milhões de eleitores democratas em todo país.




O problema é que opor-se ao acordo pode trazer grandes perdas nas questões de política internacional e até mesmo entre os economistas que discordam completamente da idéia de que acordos de comércio resultam na migração de empregos para outros países.




Uma oposição clara ao Nafta influenciaria também o apoio dos pré-candidatos diante das empresas e indústrias norte-americanas que se beneficiam do acordo comercial. Embora possam não representar milhões de votos, como os trabalhadores, eles representam milhões de dólares em verbas de campanha.




Com grandes riscos eleitorais envolvendo uma oposição pública ao acordo, eles discutem qual candidato poderia beneficiar-se mais com esta posição política.




Hillary já tem forte apelo entre os trabalhadores brancos e é, inclusive, a favorita para ganhar as eleições da Pensilvânia, de acordo com pesquisas de opinião. Uma postura contrária ao Nafta poderia fortalecer ainda mais sua posição diante do eleitorado e garantir de vez a vitória no Estado, fundamental para que se mantenha bem na corrida pela nomeação.




Contudo, Hillary atuou diretamente a favor do tratado durante seus anos como primeira-dama, um tratado que foi resultado direto do governo de seu marido, o ex-presidente Bill Clinton. Assim, ela poderia perder o apoio da classe industrial que poderia ser um importante apoio em seu possível governo.




Já Obama esforça-se para conquistar o eleitorado de trabalhadores que será importante não só na Pensilvânia, mas em outros Estados industriais como Kentucky e Indiana. Ele adaptou seu discurso para as questões importantes do eleitorado como empregos e plano de saúde.




Contudo, o senador está cauteloso quanto a perder o apoio dessa elite industrial favorável ao Nafta para conquistar votos populares em uma disputa na qual ele está na frente e com grandes chances de ganhar.




Retórica



Por enquanto, os pré-candidatos abordam o tema de maneira cautelosa. Em uma convenção estadual da AFL-CIO na Filadélfia, Obama prometeu opor-se a pactos de comércio que ameaçam empregos norte-americanos.




"O que eu me recuso a aceitar é que nós tenhamos que assinar acordos de comércio que são ruins para os trabalhadores norte-americanos", discursou Obama, sem citar diretamente o Nafta.




Hillary também é cautelosa com o tema. Em sua campanha na Pensilvânia, ela tem focado na criação de emprego como grande diferencial e apresentou diversas propostas para diminuir a migração de empresas e empregos para outros países.




Na quarta-feira, em um encontro econômico em Pittsburgh, ela revelou a sua agenda econômica. Ela quer liberar US$ 7 bilhões (R$ 12,1 bilhões) para encorajar empresas norte-americanas a manter suas indústrias no país, em vez de buscar países com taxas menores.




Os projetos da senadora incluem ainda oferecer novos benefícios fiscais para pesquisa e desenvolvimento de novos postos de trabalho. Também criaria ilhas de inovação e pesquisa por todo o país e providenciaria investimentos anuais de US$ 500 milhões (R$ 866 milhões) para encorajar a criação de uma grande onda de empregos na área de energia limpa.




"O presidente (George W.) Bush esperou e olhou enquanto nós perdíamos 3 milhões de empregos. E ele não tem feito nada em relação às falhas no nosso código fiscal que incentivam as empresas a procurarem empregos no exterior", afirmou Hillary sem citar diretamente o acordo.




Críticas



Nesta quarta-feira, Obama recebeu duras críticas do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, por seu posicionamento contrário a um acordo comercial entre o país e os EUA que reduziria a maioria das tarifas das exportações norte-americanas.




"Eu acho deplorável que o senador Obama, um aspirante à Presidência dos Estados Unidos, não está consciente dos esforços da Colômbia. Eu acredito que é por cálculos políticos que ele defende uma posição que não corresponde à realidade da Colômbia", afirmou Uribe em um comunicado.




Com Associated Press



www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u388492.shtml

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