Folha Online
O Exército do Paquistão enviou nesta terça-feira tropas de reforço para a operação de tomada da Mesquita Vermelha, em Islamabad, onde radicais ainda mantém reféns depois de uma semana de cerco. Ao menos 50 militantes e oito soldados já morreram hoje na tentativa de tomada da mesquita.
"Não esperávamos uma resistência tão forte", disse o porta-voz do Exército, general Waheed Arshad. "Não sei dizer quanto tempo levaremos até o fim da operação". No começo da invasão da mesquita, na madrugada de hoje, Arshad havia estimado que a operação duraria entre três e quatro horas.
Redes de TV locais mostraram imagens da chegada de veículos com lançadores de mísseis e outros armamentos pesados na região. Os choques entre islâmicos e a polícia ocorrem após meses de tensão com os radicais da mesquita, que realizavam uma "campanha pela moralização" para pressionar pela aplicação da lei islâmica no país.
Apesar de declarar ter tomado o controle do complexo, mais de dez horas após a invasão os militares continuam tentando expulsar alguns radicais bem armados que aparentemente tomaram simpatizantes como reféns. Durante o cerco, o governo estima que entre 200 e 500 militantes permaneciam entrincheirados dentro da mesquita --muitos à força.
O Exército invadiu a mesquita depois do fracasso da ação de um grupo de mediadores que buscava uma solução pacífica para o impasse. Segundo o jornal americano "The New York Times", desde 3 de julho, quando os confrontos foram iniciados, ao menos 24 pessoas haviam morrido antes da invasão.
Operação
A invasão começou minutos depois que uma delegação liderada pelo ex-premiê paquistanês Chaudhry Shujaat Hussain deixou a área da Mesquita Vermelha dizendo que as negociações para uma solução pacífica haviam falhado.
O administrador municipal Khalid Pervez afirmou que cerca de 50 mulheres foram as primeiras a serem libertadas pelos militantes, após a fuga de 26 crianças. Entre os libertados estão a mulher e a filha de Abdul Aziz, islâmico que liderou os radicais até ser preso na última semana quando tentava escapar disfarçado sob uma burca. Seu irmão, Abdur Rashid Ghazi, deu continuidade ao cerco e prometeu não se entregar.
Arshad afirmou que os radicais continuavam mantendo reféns e que a luta é intensa. "Estamos com uma abordagem passo-a-passo para evitar danos colaterais", afirmou. -O Exército afirma que o complexo da mesquita possui cerca de 75 salas, grandes porões e jardins. Um oficial disse que o líder, Rashid Ghazi, estava cercado no porão da escola islâmica da mesquita, mas os militares não estavam atacando porque ele tomou reféns.
Protestos
Durante os confrontos, ao menos dois protestos contra a invasão do Exército foram organizados no Paquistão. Centenas de homens armados de tribos próximas à cidade de Batagram (noroeste) bloquearam uma rodovia que leva à China, segundo o oficial de polícia Habib Khan.
Os homens atiravam para o alto e gritavam frases contra o governo e o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, disse Kha. Na cidade de Multan (leste), mais de 500 estudantes islâmicos organizaram uma marcha sob o slogan "abaixo Musharraf", bloqueando uma via importante e queimando pneus.
Nesta segunda-feira, cerca de 20 mil membros de tribos - incluindo centenas de militantes armados - fizeram protestos similares na região de Bajur (noroeste).
Nenhum comentário:
Postar um comentário