( Leia também: governos da Rússia e da Sérvia pedem anulação )
Para a população é o fim de décadas de dominação sérvia. Para eles bastou a declaração de independência aprovada pelo Parlamento do Kosovo. Mas os Estados Unidos se mostram cautelosos. O representante americano na ONU considerou a declaração de independência lógica e consistente, mas em nenhum momento chamou Kosovo de país. O embaixador britânico seguiu a mesma linha. O secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, insistiu que a ONU ainda está autorizada a atuar no país. Na prática, as palavras do sul-coreano querem dizer que o governo de Kosovo ainda está a cargo da ONU. O Conselho de Segurança das Nações uNidas convocou uma reunião extraordinária para esta segunda-feira e ficou clara a divisão da comunidade internacional.
Na prática, a Sérvia já não controla a região. Há quase dez anos, as Nações Unidas coordenaram a retirada dos soldados sérvios e assumiram o controle da província. Mas até agora nenhum documento da ONU autoriza autoriza a partilha do território sérvio. Por isso para o direito internacional a declaração de independência não teria qualquer valor.
O parlamento de Kosovo declarou a independência quase nove anos depois que a Otan entrou em guerra para salvar a maioria albanesa, cerca de 90% da província, de uma onda de assassinatos e limpeza étnica promovida por forças sérvias tentando conter uma insurgência rebelde. A província ao sul da Sérvia, que abriga dois milhões de albaneses, passa a ser definida como uma nova nação européia.
" Muitos perderam suas vidas para que a independência se tornasse realidade (primeiro-ministro Hashim Thaci) "
A declaração foi acompanhada por uma robusta missão policial e judicial com 2.000 representantes da União Européia, enviados pelo conselho executivo europeu à Kosovo no sábado. Após um período de transição de 120 dias, a missão substituirá a atual unidade da Organização das Nações Unidas no território, instalada para acompanhar o processo.
Há temores de novos protestos comandados por sérvios contrários à declaração unilateral. Um anúncio de página inteira em jornais sérvios convocou manifestações em Belgrado na segunda-feira contra o "precedente de alto risco que questiona a essência e a continuidade do povo sérvio". Analistas internacionais acreditam que o longo processo deve trazer conseqüências para todos os países da região dos Bálcãs.
No sábado, milhares de sérvios realizaram um dia de preces e protestos. Uma passeata deve ocorrer em Belgrado como protesto sérvio pela perda da área que muitos consideram território religioso, palco de sua história e sede de dezenas de monastérios ortodoxos com séculos de existência.
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