quinta-feira, 14 de junho de 2007

Resignada, família de engenheiro aceita morte no Iraque

Agencia Estado





"Não é o desfecho que ninguém da família queria, mas é um desfecho. Melhor um desfecho do que nenhum". Dessa forma Rodrigo Vasconcellos, o filho mais velho do engenheiro João José de Vasconcellos Jr., reagiu à notícia da localização do corpo do pai. Apesar da tristeza, ele não escondeu o alívio da família. A notícia encerrou dois anos e cinco meses de dúvidas e angústias, que alternaram momentos de esperança e de decepção.
Rodrigo, a mãe, Tereza, e os irmãos, Gustavo e Tatiana, que moram na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio) seguiram hoje para Juiz de Fora, onde a expectativa é que o corpo chegue amanhã às 8h. O sepultamento está marcado para as 16h, no Cemitério Jardim da Saudade. "Tivemos muita esperança. Mas depois de certo tempo sem notícias, percebemos que não havia mais chances. Ficou a vontade de reaver o corpo. A incerteza sobre o que tinha acontecido com ele era o pior para nós", disse Rodrigo. Apesar de a morte do engenheiro já ser esperada, ele contou que a mãe ficou muito abalada com a localização do corpo.
A família foi avisada há uma semana que um corpo havia sido entregue às Forças Aliadas no Iraque e encaminhado ao Kuwait. Segundo os familiares, a identificação foi feita por peritos kuwaitianos com o acompanhamento do embaixador brasileiro naquele país. Já estavam lá o estudo da arcada dentária e o código genético do engenheiro que possibilitaram a confirmação na segunda-feira, dia 11, com a liberação do atestado de óbito.
"Estou profundamente triste, mas no fundo eu sentia que ele estava morto. Depois de tanto tempo, a esperança de encontrar meu irmão vivo foi dando lugar à certeza da morte", disse uma das irmãs de João, Isabel de Vasconcellos el Khouri, chorando. "Meus pais, dentro do possível, estão reagindo bem", disse, referindo-se a Maria de Lourdes e João José de Vasconcellos, que vivem em Juiz de Fora. Karla, a outra irmã do engenheiro que vive com os pais, disse que os pais receberam a notícia com serenidade.
"Dentro do possível, está tudo sob controle. Não sei até que ponto é um alívio, porque a gente não queria esse desfecho, mas agora meus pais podem virar essa página", disse Karla, ontem, no fim da tarde. Ela contou ainda que os pais nunca chegaram a admitir por completo a possibilidade de o filho estar morto. "Apesar dos indícios, eles sempre mantiveram a esperança."

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