RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A economia brasileira abriu o ano com crescimento impulsionado, mais uma vez, pelo consumo das famílias, e os investimentos sustentam a expectativa de que o desempenho de 2007 será melhor que o do ano passado.
De janeiro a março, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,8 por cento em relação aos últimos três meses de 2006. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a expansão foi de 4,3 por cento, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"O padrão de crescimento é de estabilidade... sem montanhas-russas", avaliou Roberto Olinto, chefe do departamento de contas trimestrais do IBGE, ao comentar que a economia do país tem mantido um patamar de expansão de aproximadamente 1 por cento há cinco trimestres.
Os dados ficaram ligeiramente abaixo da mediana das expectativas de economistas ouvidos pela Reuters, mas não comprometeram as apostas de crescimento no ano superior ao de 3,7 por cento de 2006.
"O PIB, em geral, confirmou nossa expectativa para o ano entre 4,2 e 4,5 por cento (de crescimento), que é melhor que o ano passado, mas abaixo das expectativas para os demais países em desenvolvimento", afirmou Boris Tabacof, diretor de economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
Em valores nominais, o PIB nos três primeiros meses do ano somou 596,17 bilhões de reais, ante 539,3 bilhões de reais no mesmo período do ano passado.
"O dado do trimestre chega a 3,2 por cento se anualizado, que é bem em linha com o PIB potencial do país", afirmou Alexandre Lintz, estrategista-chefe do BNP Paribas Brasil, destacando o bom desempenho dos investimentos.
Para o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o crescimento no início do ano foi "adequado", mas os dados sobre o segundo trimestre serão melhores.
CONSUMO EM ALTA
O setor de serviços teve o melhor desempenho na comparação entre o primeiro trimestre e os últimos três meses de 2006, com avanço de 1,7 por cento. A indústria, na mesma comparação, cresceu 0,3 por cento, enquanto a agropecuária caiu 2,4 por cento.
De acordo com o IBGE, a demanda interna foi novamente o carro-chefe da economia brasileira. O consumo das famílias avançou 6,0 por cento ante o mesmo período de 2006 e atingiu o melhor resultado desde o primeiro trimestre de 2000.
"Foi o décimo quarto aumento seguido no consumo das famílias, que estão sendo favorecidas pelo aumento na massa salarial e nas operações de crédito", disse Cláudia Dionísio, coordenadora de contas trimestrais do IBGE.
A formação bruta de capital fixo, uma medida de investimentos, cresceu 7,2 por cento em relação a igual período do ano passado. O avanço foi explicado, principalmente, "pelo aumento da produção e da importação de máquinas e equipamentos", segundo o IBGE.
Nessa comparação, com igual período do ano passado, os serviços avançaram 4,6 por cento, a indústria cresceu 3,0 por cento, com destaque para o setor extrativo mineral, e a agropecuária teve alta de 2,1 por cento.
"O crescimento não veio acompanhado de aumento no produto industrial. Essa é a característica que marca a atividade econômica em 2007... a boa notícia é a expansão dos investimentos, em proporção do PIB, saltando de 16,8 por cento na média de 2006 para 17,2 por cento no primeiro trimestre de 2007", destacou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) em nota.
O IBGE revisou os dados trimestrais de 2006, mas o crescimento do ano foi mantido em 3,7 por cento.
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