WASHINGTON e PEQUIM - No dia em que protestos levaram a China a anunciar que vai reforçar a segurança para as Olimpíadas de Pequim, a Justiça chinesa condenou, nesta segunda-feira, a cinco anos de prisão um desempregado que reuniu 10 mil assinaturas contra os Jogos Olímpicos, em defesa do respeito aos direitos humanos na China. Yang Chunlin foi acusado de "incitar a subversão", segundo Li Fangping, um de seus advogados.
Protestos contra a repressão chinesa no Tibete e a violação dos direitos humanos no país que receberá as próximas Olimpíadas marcaram a tradicional cerimônia de acendimento da chama olímpica, nesta segunda-feira, na Antiga Olímpia, na Grécia. Um manifestante conseguiu furar o bloqueio policial e se aproximar do presidente do Comitê Organizador dos Jogos durante seu discurso, sendo imediatamente retirado pelos seguranças. (Saiba mais sobre os conflitos no Tibete)
Outros protestos marcaram os primeiros trechos do revezamento da tocha, que passará pelo Tibete. Manifestações pró-Tibete também foram registradas no Nepal, onde pelo menos 250 pessoas foram presas. A China acusou o líder espiritual tibetano, Dalai Lama, de estar por trás das ações. Pequim também acusa o líder de incitar a violência nos protestos iniciados, há duas semanas, por monges budistas em Lhasa, capital tibetana.
"O discurso político do monge em apoio aos Jogos Olímpicos de Pequim ficou provado como uma mentira; seus seguidos boicotaram o acendimento da tocha e utilizaram-se da violência em Lhasa e qualquer outro lugar", disse a agência oficial chinesa Xinhua sobre o Dalai Lama.
O incidente na cerimônia das Olimpíadas levou outros países a se pronunciarem, novamente, sobre a crise no Tibete. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, pediu na segunda-feira que o governo chinês dialogue com o Dalai Lama.
" Continuaremos a encorajar o diálogo porque esta é a única política sustentável no Tibete "
- Acreditamos que a resposta para o Tibete é uma política mais sustentável por parte do governo chinês - disse Condoleezza, em coletiva de imprensa com o ministro de Relações Exteriores da Índia. - Continuaremos a encorajar o diálogo porque esta é a única política sustentável no Tibete.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, também pediu o fim da violência no Tibet e disse que a França está disposta a facilitar as conversas para resolver o problema. Em comunicado, a Presidência francesa afirmou que Sarkozy mandou uma mensagem ao presidente chinês, Hu Jintao, a fim de expressar a sua preocupação em relação ao Tibete.
O governo tibetano no exílio, chefiado pelo Dalai Lama, disse nesta segunda-feira que os mortos nos conflitos em Lhasa já chegam a 130. A China reconheceu até agora 13 mortes de civis durante os protestos iniciados no último dia 10, para marcar os 49 anos de um levante pela independência da região autônoma do Tibete, reivindicada pela China como parte de seu território.
Dias depois dos episódios mais violentos, o governo chinês culpou os próprios manifestantes pelas mortes. Pequim enviou soldados para reforçar a segurança no Tibete, mas afirma que os militares não usaram armas letais na repressão aos protestos.
A entrada de estrangeiros é proibida no Tibete. Além disso, o trabalho dos jornalistas na China também estaria sendo obstruído pelo governo. O Clube de Correspondentes Estrangeiros da China enviou mensagem a seus integrantes afirmando que pelo menos uma grande organização de mídia estrangeira começou a sofrer ameaças por telefone e fax, a menos de cinco meses das Olimpíadas de Pequim, em agosto, quando são esperados na capital chinesa cerca de 20 mil jornalistas.
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/03/24/
chines_condenado_prisao_por_reunir_assinaturas
_contra_olimpiadas_de_pequim-426514238.asp
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