Tibetano diz que China tem interesses estratégicos, econômicos e ideológicos na região.
Para ele, conflitos começaram como em Mianmar, após violência da polícia contra monges.
Os recentes conflitos no Tibete desafiam a China a aceitar a independência da região. Mas, se ceder ou se perder o Tibete para outra potência, o país ficará extremamente vulnerável militar e estrategicamente, o que justifica a reação dura de Pequim ao anseio por autonomia da região. Essa é a opinião do tibetano Tsering Topgyal, especialista no conflito e doutorando da London School of Economics.
Entenda os protestos no Tibete
Em seu doutorado, Topgyal se debruça justamente nos confrontos na região, que se intensificaram na metade de março com protestos de monges budistas. Seu projeto é sobre "Ameaças, vulnerabilidade e segurança: O dilema da insegurança no conflito sino-tibetano". Em entrevista ao G1 por e-mail, ele disse que a violência atual no Tibete começou da mesma forma que os de Mianmar, onde um embate entre monges e a Junta Militar deixou centenas de mortos no final do ano passado.
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Segundo o especialista tibetano, nos dois conflitos, a polícia começou a agir com violência diante dos protestos pacíficos de monges. "Isso enfureceu os cidadãos, que respeitam os monges e se juntaram às manifestações." Leia abaixo trechos da entrevista com Topgyal:
G1 - Qual o principal interesse da China no Tibete?
Topgyal – Há interesses estratégicos e militares: o planalto dá à China uma vantagem militar sobre os países do sul asiático. Ela ficaria extremamente vulnerável se alguma outra potência tomasse conta do Tibete. O Himalaia oferece uma defesa natural.
Há também interesses econômicos: a presença de vários recursos minerais como o ouro e o urânio. Há ainda uma questão ideológica: o nacionalismo chinês, no qual uma nova versão foi construída para incluir o Tibete como parte da China, requer que a região esteja firmemente com a China. Caso contrário, os nacionalistas chineses poderiam pedir a saída do partido.
Topgyal – Alguns desejam a completa independência. Outros querem uma autonomia real. Todos aspiram pela volta do Dalai Lama para poder ouvir seus ensinamentos budistas, de direitos humanos, e de liberdade religiosa. Eles também querem liberdade para o Panchen Lama (o segundo maior lama no Tibete), que foi escolhido pelo Dalai Lama. Ele foi preso com sua família aos seis anos e ninguém sabe onde ele está.
Topgyal – A questão religiosa é apenas uma das questões que os tibetanos têm com os chineses. A China é governada por um partido comunista que é oficialmente ateu. Nos anos 1950 e 1960, o budismo foi praticamente destruído pelos chineses durante a Revolução Cultural.
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Depois da revolução, ocorreu um tímido renascimento do budismo. No entanto, a presença de religiosos, de conventos e de monastérios era muito restrita. Os monges e freiras budistas são obrigados a criticar e denunciar o Dalai Lama. Para um budista isso é como se um cristão denunciar Jesus Cristo se ele estivesse vivo. Imagens suas são proibidas e qualquer um que guarde seu retrato é punido severamente.
Topgyal – Acredito que ele está fazendo a coisa certa ao dizer que está aberto a conversar com os líderes chineses. A violência não ajuda a resolver nada a longo prazo. Só faz os chineses se voltarem mais contra os tibetanos.
Topgyal – A China culpa o Dalai Lama por organizar os protestos no Tibete. Isso é insano. Se alguém tivesse organizado os protestos antecipadamente, teria destruído as câmeras de controle antes. Como disse uma testemunha ocidental, eles simplesmente ignoraram as câmeras. Agora, os Chineses estão usando as imagens gravadas para identificar os manifestantes.
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL361461
-5602,00-CHINA+FICARIA+EXTREMAMENTE+
VULNERAVEL+SEM+O+TIBETE+DIZ+
ESPECIALISTA.html
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