Ex-tesoureiro do partido assume responsabilidade por empréstimos avalizados por Valério
Clarissa Oliveira
O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares voltou a isentar a direção nacional do partido de responsabilidade por dois empréstimos tomados nos bancos BMG e Rural, avalizados pelo empresário Marcos Valério, apontado como peça-chave do esquema do mensalão. Em depoimento à Justiça Federal em São Paulo, no processo aberto contra 40 envolvidos no caso, Delúbio disse que o comando petista tinha ciência da existência de um rombo nas contas partidárias e o incumbiu de buscar uma solução.
Ele insistiu, porém, que tomou sozinho a iniciativa de pedir ajuda a Valério e disse ter ocultado a estratégia de lideranças como o então presidente do PT, José Genoino. E negou que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o presidente Lula soubessem do plano.
No depoimento, prestado na 2ª Vara Criminal Federal, na capital paulista, Delúbio voltou a afirmar que os empréstimos do BMG e do Rural - de R$ 2,4 milhões e R$ 3 milhões, respectivamente -, tinham por objetivo cobrir gastos com a presença de petistas na festa da posse do primeiro mandato de Lula e a participação de membros da sigla na transição de governo.
"Ele já havia apresentado essas questões e, agora, trouxe uma defesa de ordem técnica", explicou o advogado de Delúbio, Celso Vilardi.
Ao justificar a saída encontrada para equacionar as finanças, Delúbio disse que contava com a forte alta na arrecadação decorrente, resultante de um crescimento da bancada parlamentar e do número de cargos ocupados por petistas no governo a partir de 2002. Ele contou que, desde 2000, o PT passou da arrecadação anual de R$ 13 milhões para quase R$ 50 milhões, na época que o escândalo estourou, com repasses do Fundo Partidário, dízimos e contribuições de filiados.
O depoimento, que ao final totalizou mais de 40 páginas, levou cerca de duas horas para ser colhido. Delúbio falou a portas fechadas, mas, de acordo com o relato de advogados presentes, aceitou responder a todas as perguntas da juíza Silvia Maria Rocha. Ele se recusou, entretanto, a dar explicações a representantes do Ministério Público e a advogados de outros acusados sobre questões como a participação de políticos em reuniões supostamente relacionadas ao esquema.
Antes de Delúbio, a Justiça Federal ouviu o ex-diretor da corretora Bônus-Banval Breno Fischberg, que negou qualquer ilegalidade em operações financeiras supostamente relacionadas ao esquema do mensalão.
do http://www.estadao.com.br
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