domingo, 15 de junho de 2008

Referendo: Irlanda diz que resolução do impasse também cabe à UE









Andrew Winning /Reuters
Cowen diz que não há uma solução óbvia para sair do impasse

O primeiro-ministro irlandês, Brian Cowen, entende que cabe à União Europeia, e não apenas a Dublin, encontrar uma saída para o dilema provocado pela rejeição do Tratado de Lisboa no referendo organizado pelo país.

“Quero que a Europa contribua com algumas soluções em vez de sugerir que isto é apenas um problema da Irlanda”, afirmou Cowen em declarações ao canal público de rádio RTE.

Num recado aos parceiros europeus, o primeiro-ministro irlandês lembra que “se não houver desenvolvimentos políticos” “o Tratado não pode evidentemente entrar em vigor”, pois este tem de ser ratificado pelos 27 Estados-membros.

Cowen admite, porém, que a Irlanda poderá ficar isolada se for o único Estado a rejeitar o novo tratado europeu, o que não trará benefícios ao país. “A Irlanda está numa posição que vai ter de resolver”, sublinhou.

Depois da surpresa causada pelo anúncio dos resultados do referendo irlandês – com o “não” a obter 53,4 por cento dos votos –, a quase totalidade dos líderes europeus defendeu a continuação do processo de ratificação, permitindo aos oito países que ainda não o fizeram pronunciar-se sobre o tratado.

A decisão deve ser tomada na cimeira europeia da próxima quinta e sexta-feira, em Bruxelas, e aumentam os indícios de que os Estados-membros tentarão convencer Dublin a realizar uma nova consulta popular, mediante algumas cedências, como a garantia de que o país manterá um comissário após 2014.

Espera-se, por isso, que Cowen seja colocado sob pressão para decidir qual o caminho que a Irlanda quer seguir, havendo mesmo quem admita que uma eventual saída da UE poderá estar em cima da mesa.

O primeiro-ministro irlandês confirmou que os seus homólogos lhe apresentaram várias concessões “sobre várias matérias”, mas sustenta que “não há uma solução óbvia” para resolver o impasse, tanto mais que a repetição do referendo não seria vista com bons olhos pelo eleitorado.

“A minha tarefa é a de garantir que os nossos interesses não sejam lesados, que sejam tidos em conta, que sejam defendidos. Trata-se de encontrar soluções que, neste momento, não me parecem evidentes”, explicou, antecipando o difícil encontro da próxima semana.

Após a divulgação dos resultados, o primeiro-ministro irlandês, que liderou a campanha a favor do “sim”, não quis excluir a hipótese de repetir a consulta, tal como sucedeu em 2002 com um segundo referendo ao Tratado de Nice, um ano após o chumbo na primeira votação. Contudo, vários analistas consideram que esta é uma estratégia de risco que poderá ser vista como uma humilhação para a Irlanda, um dos pequenos países da UE, face à pressão de Bruxelas e dos grandes Estados.




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