quinta-feira, 10 de abril de 2008

Pai e madrasta de Isabella ligaram para seus pais antes chamar socorro

Diário de S.Paulo, O Globo Online







SÃO PAULO - O pai e a madrasta de Isabella Oliveira Nardoni, 5, ligaram primeiro para seus pais antes de chamar o resgate do Corpo de Bombeiros ou a polícia. O Instituto de Criminalística analisou as ligações telefônicas feitas na noite da morte da menina, no intervalo de tempo em que o crime pode ter sido cometido. Há um primeiro telefonema, para a casa do pai de Anna Carolina Jatobá e, uma segunda ligação, para o pai de Alexandre. Esse segundo telefonema foi feito às 23h48m. A perícia já confirmou que nenhuma ligação foi feita para o resgate dos telefones dos suspeitos e nem do apartamento de número 62 do Edifício London. O primeiro telefonema ao resgate aconteceu, segundo a polícia, às 23h49. A polícia também já confirmou que a família chegou ao prédio às 23h35.




O corpo de Isabella ficou no chão até a chegada do resgate. A médica que atendeu a menina foi ouvida nesta quarta e o depoimento foi acompanhado pelo promotor Francisco Cembranelli. A médica relatou que a menina apresentava um quadro de parada cardiorrespiratória e houve uma tentativa de reanimação.




O pai de Alexandre, Antonio Nardoni, afirmou em entrevista à TV Globo que ao chegar ao prédio encontrou os dois portões de pedestres abertos e também a garagem, segundo ele, estava "escancarada". Ele afirmou que pediu à polícia que fizesse varredura no prédio e que isso não foi feito.




No início da noite, o tenente da PM Fernando Neves Braz desmentiu a versão do advogado Antonio Nardoni, pai de Alexandre, de que a polícia não fez uma varredura no prédio após o crime.




- Fizemos uma varredura minuciosa no prédio e em todo o quarteirão, mas não obtivemos êxito - disse.




O porteiro do prédio diz que apenas duas visitas foram recebidas no prédio entre 18h e 24 e afirma que ninguém poderia ter entrado sem que ele visse.




Em reportagem publicada nesta quinta-feira, o jornal Folha de S.Paulo afirma que um operário que trabalha numa obra vizinha ao prédio, um sobrado, notou domingo que o portão da frente havia sido arrombado. O sobrado fica nos fundos do edifício London. Do telhado da churrasqueira do prédio, diz a reportagem, é possível acessar a obra e este seria um ponto cego para o porteiro, que estava na guarita. A cerca elétrica, diz o jornal, estava desligada no dia do crime. Uma vizinha do sobrado afirma ainda à Folha ter ouvido barulho no sobrado e pessoas conversando, uma hora depois dos gritos vindos do edifício London depois da queda de Isabella. Há possibilidade de terem sido policiais militares ou civis que foram para o local do crime.




Até domingo, policiais do 9 DP pretendem ouvir mais 19 testemunhas. Já prestaram depoimentos 41 pessoas.




A polícia informou ontem que conseguiu desvendar 70% do que aconteceu na cena do crime. De acordo com a delegada Renata Helena da Silva Pontes, do 9 DP (Carandiru), já é possível determinar onde e como ocorreram os ferimentos.




- Já temos como visualizar 70% do que aconteceu, o que foi feito dentro do apartamento até a morte da menina - disse.




A delegada afirmou que as conclusões são baseadas em depoimentos de testemunhas e nos relatos dos peritos e legistas.




- Não há resultado oficial de laudo, mas temos várias conclusões. Nos baseamos nos resultados que os peritos e os legistas já nos passaram.




A delegada revelou que a polícia colheu 41 depoimentos desde o início do inquérito e que intimou 19 pessoas para serem ouvidas esta semana.




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