BEIRUTE (Reuters) - Tropas libanesas patrulhavam a capital libanesa, Beirute, neste domingo, que amanheceu mais calma, após combatentes do Hezbollah terem se retirado de áreas que haviam controlado em conflitos contra simpatizantes do governo, que é apoiado pelos Estados Unidos.
Mas os conflitos ainda ocorreram durante a noite em Trípoli, entre homens armados a favor e contra o governo. Fontes de segurança disseram que pelo menos duas pessoas foram mortas e cinco ficaram feridas antes de o Exército ser destacado para encerrar as batalhas na segunda maior cidade do Líbano.
Após quatro dias de violentos confrontos em Beirute, várias outras regiões do país passaram a ser palco de episódios de violência. Além de Trípoli, várias cidades nas montanhas ao leste da capital libanesa foram palco de conflitos.
A polícia divulgou que houve 44 mortos e 128 feridos nos cinco dias de conflitos em Beirute e em demais localidades.
Centenas de soldados apoiados por veículos blindados bloquearam estradas e fixaram posição nas ruas na principal região muçulmana da capital. Não havia combatentes à vista, mas jovens mantiveram barricadas em algumas estradas vitais, assegurando assim que portos e o aeroporto de Beirute permanecessem fechados.
A oposição, liderada pelo Hezbollah, afirmou que manterá a campanha de "desobediência civil" até que suas exigências sejam compridas.
O Hezbollah, um grupo político apoiado pelo Irã e pela Síria e que possui uma guerrilha armada, afirmou no sábado que estava encerrando sua presença armada em Beirute após o Exército ter subvertido ordens do governo contra o grupo.
Enquanto a tensão diminuía em Beirute, houve poucos progressos para resolver as disputas políticas que levaram o Líbano à pior crise desde a guerra civil, que durou entre 1975 e 1990.
- Tendo como parâmetro o nível que causou a crise imediata, estamos na metade do caminho para acabar com ela - afirmou Paul Salem, diretor do centro leste do Carnegie Middle em Beirute.
Os conflitos começaram na quarta-feira, após o governo ter dito que estava tomando medidas contra a rede de comunicação militar do Hezbollah e ter demitido o chefe de segurança do aeroporto de Beirute, que é ligado ao grupo.
O Hezbollah classificou a medida contra suas comunicações como uma declaração de guerra, dizendo que a rede teve papel crucial na sua guerra de 34 dias contra Israel, em 2006.
Maiores preocupações
O papa Bento XVI cobrou, neste domingo, diálogo para pôr fim à violência no Líbano .
- Mesmo que nas últimas horas a tensão tenha diminuído, acho que temos hoje o dever de pedir aos libaneses que abandonem todos os tipos de confrontações que levariam esse querido país ao irreparável - afirmou.
Os Estados Unidos, que consideram o Hezbollah um grupo terrorista, uma ameaça a Israel e uma arma nas mãos do arqui-inimigo Irã, comemoraram o fim dos conflitos.
O Irã culpou Washington pelas batalhas e apoiou uma solução interna para o impasse político em Beirute.
- Os Estados Unidos estão diretamente interferindo nos assuntos internos do Líbano e, ao mesmo tempo, estão culpando a outros, acusando-os de interferirem no Líbano - disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Ali Hosseini.
A Liga Árabe deu início a um encontro de emergência pedido pela Arábia Saudita e pelo Egito para discutir a crise libanesa.
O Líbano está em crise política há 18 meses e a oposição reivindica uma voz maior dentro do governo.
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/05/11/tropas_libanesas_patrulham_beirute_apos_retirada_do_hezbollah-427328465.asp
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