TERESA BOUZA
da Efe, em Washington
A senadora e pré-candidata democrata à Casa Branca Hillary Clinton parte como favorita para as eleições desta terça-feira, na Virgínia Ocidental, contudo, nem esta nem as outras cinco primárias democratas restantes permitirão que alcance o seu rival pela nomeação, Barack Obama.
Segundo os últimos dados da CNN, o senador por Illinois tem 1.869 delegados, frente os 1.697 de Hillary. O sistema de divisão proporcional dos delegados, segundo porcentagem de votação, torna impossível que a senadora possa vencer a vantagem de Obama na reta final do ciclo de primárias democratas. Mesmo que sua equipe de campanha sustente que se Hillary superar Obama em votos populares ela deveria ser a nomeada democrata.
"Hillary está a ponto de ganhar o voto popular a nível nacional, uma parte fundamental de nosso plano para ganhar a candidatura", disse o presidente de sua campanha, Terry McAuliffe, em um comunicado aos partidários da senadora.
McAuliffe afirmou que entre estes votos populares estão os eleitores de Michigan e Flórida, que foram penalizados pelo partido e não poderão enviar seus delegados à convenção democrata nacional, que oficializará o candidato para as eleições.
Hillary ganhou em ambos os Estados, embora nenhum dos presidenciáveis democratas tenha feito campanha e Obama nem sequer tenha colocado seu nome na cédula de votação de Michigan. O Partido Democrata analisará o impasse gerado com a anulação das duas primárias em 31 de maio, mas, qualquer seja a solução, Obama todavia lidera a corrida.
Mesmo com o cenário pouco promissor, Hillary se mantém firme na disputa e dedicou o dia das Mães para fazer campanha na Virgínia Ocidental. "Uma mulher é como uma bolsa de chá. Não se sabe quão forte é até que se coloque na água quente", disse neste domingo, parafraseando a ex-primeira-dama norte-americana Eleanor Roosevelt.
Não resta dúvidas de que Hillary está em plena água quente e poucos questionam sua força. Mas com U$ 20 milhões de dívidas e a impossibilidade matemática de alcançar Obama, cada vez mais pessoas dão sua batalha como perdida.
Superdelegado
Os sinais de sua derrota não param de aparecer. Sua margem no número de superdelegados (líderes partidários e políticos eleitos) sobre a campanha de Obama é um dos indícios mais sintomáticos. Hillary iniciou como a favorita dos superdelegados, um clube exclusivo de cerca de 800 superdelegados que guardam a decisão da nomeação em suas mãos.
Tradicionalmente, o candidato se elege nas urnas mediante votação popular, mas como nem Hillary nem Obama alcançaram --e nem vão alcançar-- os 2.025 delegados mínimos, a decisão será tomada pelos superdelegados, na convenção democrata nacional.
As vitórias progressivas de Obama permitiram que ganhasse adeptos na elite do partido, uma tendência que se acelerou depois das primárias da semana passada na Carolina do Norte (onde ganhou por 14 pontos percentuais) e em Indiana (onde perdeu por apenas 2 pontos percentuais).
Segundo a CNN, o senador por Illinois supera Hillary no número de superdelegados ao contar com 275 nomes contra 273 da senadora por Nova York.
Agenda
Outra prova de que Obama poderia estar às vésperas de se tornar candidato é seu plano de viagem. Na quarta-feira, ele visita Michigan, Estado que segundo assessores do provável candidato republicano John McCain será muito disputado nas eleições gerais. Obama terá assim a oportunidade de fazer campanha em um Estado que deixou passar depois que o partido anunciou a punição pelo adiantamento da votação.
A esta visita, soma-se seus planos de passar três dias na Flórida na próxima semana, outro Estado que também será fundamental para as eleições gerais.
A campanha do senador por Illinóis insiste que Obama não declarou a vitória na luta das primárias democratas e anunciou que irá a Oregon neste fim de semana, um dos Estados restantes.
Contudo, eles começaram também a desenhar uma estratégia para começar a competir claramente com McCain. "Nossa agenda reflete que estamos lutando por votos e delegados, mas também que vamos visitar lugares que serão competitivos em novembro", explicou à imprensa, Bill Burton, um dos assessores de Obama. "John McCain ficou sem competição por muito tempo", completou, em uma mostra clara da nova estratégia do democrata.
www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u401050.shtml
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