sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Cientistas comemoram testes com células-tronco em humanos nos EUA







Da EFE


Jorge A. Bañales.


Washington, 23 jan (EFE).- O Governo dos Estados Unidos autorizou hoje o primeiro teste em humanos de um tratamento com células-tronco para as lesões da medula espinhal, decisão que foi qualificada por cientistas como um "marco importante".


Já outros consideraram que a decisão da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, em inglês) responde mais a motivos políticos do que a razões científicas.


A empresa Geron Corporation anunciou hoje que iniciará, provavelmente na metade do ano, os primeiros testes para comprovar se a injeção de células-tronco embrionárias nas áreas lesionadas da medula espinhal de cerca de dez pacientes causa danos ou reações adversas.


"Quando alguém sofre uma lesão completa da medula espinhal, não há esperanças de recuperação abaixo do ponto onde ocorreu a lesão", afirmou o presidente da Geron, Thomas Okarma.


O teste "é significativo, porque será o primeiro teste clínico de um produto obtido de células-tronco de embriões", acrescentou.


Entre oito e dez pacientes que tenham sofrido lesão na medula espinhal no máximo 14 dias antes do início do tratamento receberão injeções de células-tronco no ponto do ferimento.


Os pesquisadores observarão esses pacientes durante um ano, primeiro para detectar possíveis reações adversas, e depois para determinar se há alguma recuperação das funções da medula.


Por sua vez, Sean Morrison, diretor do Centro para Biologia de Células-Tronco da Universidad de Michigan, qualificou a autorização do teste como "um marco importante".


"Este será o primeiro uso de células derivadas de células-tronco embrionárias em pacientes", acrescentou. "Se o transplante destas células nos pacientes não for prejudicial, abrirá um precedente importante que facilitará todos os testes clínicos que envolvam células-tronco derivadas de embriões".


No entanto, Kevin Fitzgerald, professor da Divisão de Bioquímica e Farmacologia na Universidade Georgetown e membro do Centro para Bioética Clínica, minimizou o alcance do teste.


"O objetivo primário deste teste será, somente, determinar se a injeção nos pacientes não causa danos neles", disse à Agência Efe Fitzgerald, que também é sacerdote católico.


"E, à medida que outros testes com células-tronco obtidas de adulto já estão avançados, isso também não é uma inovação extraordinária", acrescentou.


A pesquisa de células-tronco e o desenvolvimento de tratamentos que aproveitem as qualidades para a geração de todo tipo de tecidos no corpo humano estiveram imersas em um debate político, religioso e ideológico nos Estados Unidos durante anos.


Em agosto de 2001, o ex-presidente George W. Bush proibiu o uso de recursos federais para a investigação com células-tronco, exceto com os exemplares já obtidos de embriões em clínicas de fertilidade que, de outra maneira, teriam sido descartados.


Os cientistas, que veem nas células-tronco grandes promessas para o tratamento de doenças como parkinson, alzheimer e diabetes, creem que as mais eficazes são as obtidas de embriões nas primeiras fases da gravidez.


Aqueles que, por razões religiosas ou morais, se opõem ao aborto e ainda à fertilização artificial de humanos, rejeitam a "coleta de células-tronco" embrionárias de humanos.


"Os tratamentos com células-tronco derivadas de embriões poderiam melhorar o tratamento de muitas doenças", afirmou Morrison. "Mas os pacientes não deveriam esperar avanços imediatos. O caminho para as novas curas é longo e difícil".


Da mesma forma que Fitzgerald, Morrison lembrou que o transplante de medula espinhal, um tratamento com células-tronco de adultos, é atualmente a forma padrão de tratar de muitas doenças do sangue.


Fitzgerald acrescentou que o objetivo principal do teste da empresa Geron é que, "mais que obter um resultado científico, querem mostrar que as células-tronco de embriões funcionam".


"Se antes houve críticas porque a política interferia no trabalho científico, agora parece que ocorre o mesmo", destacou. "A meta final do tratamento regenerativo é que o corpo se cure por si mesmo. Aqui, a meta é criar um produto que seja vendido ao público". EFE








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