segunda-feira, 7 de julho de 2008

Por rádio, Betancourt reafirma que lutará por libertação de reféns






da France Presse, em Paris
da Folha Online

A ex-refém franco-colombiana Ingrid Betancourt reiterou nesta segunda-feira que trabalhará com afinco para libertar todos os reféns das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na Colômbia, em um programa da Rádio France Internacional (RFI) criado em dezembro passado para enviar mensagens quando ela própria se encontrava em cativeiro na selva.

A política ouviu a primeira transmissão desses programas em 7 de dezembro, quando seu filho Lorenzo lhe enviou uma mensagem em meio aos rumores sobre seu grave estado de saúde.

Jacques Brinon/AP
Ingrid Betancourt sorri antes de falar aos reféns através de programa de rádio
Ingrid Betancourt sorri antes de falar aos reféns através de programa de rádio

O momento foi de muita emoção. Betancourt começou a chorar e disse: "Me perdoem, não tenho feito outra coisa senão chorar desde que estou livre e detesto quando choro".

Ela reiterou que continuará lutando para obter a paz na Colômbia e acrescentou que, para obter esse objetivo, "é essencial o papel que pode desempenhar o presidente venezuelano, Hugo Chávez". Segundo ela, Chávez tem papel-chave nessa questão porque as Farc ouvem o que o líder diz.

"Quero ser um soldado a mais desta causa", acrescentou, convocando uma grande manifestação para 20 de julho, em Bogotá, dia da celebração da Independência colombiana, para pedir a libertação de todos os reféns em mãos da guerrilha.

Betancourt, que tem previsto um encontro com o papa Bento 16 nos próximos dias, pretende ficar na França por um tempo, por recomendação da família, e não disse quando voltará a seu país.

Operação

Betancourt foi resgatada no último dia 2, em uma operação realizada pelo Exército colombiano. Além dela, a operação resgatou também os americanos Thomas Howes, Marc Gonsalves e Keith Stansell --ligados ao Departamento de Defesa dos EUA-- e 11 militares e policiais colombianos.

Militares da Colômbia disfarçados de trabalhadores humanitários resgataram Betancourt, a refém mais importante das Farc, seqüestrada em 2002 quando fazia campanha eleitoral como candidata à Presidência.

Arte Folha Online/Arte Folha Online

O resgate ocorreu na floresta do departamento de Guaviare, segundo o ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos. Militares colombianos fingiram ser membros de uma organização fictícia que supostamente iria levar os reféns de helicóptero a outro local, para se encontrarem com o líder das Farc, Alfonso Cano.

"Os helicópteros, que na realidade eram do Exército pegaram os reféns em Guaviare e os levaram à liberdade", afirmou o ministro. Dois guerrilheiros foram capturados na operação.

"Essa foi uma ação sem precedentes", afirmou o ministro ontem, em coletiva na sede do Ministério da Defesa, em Bogotá. "Isso entrará na história por sua audácia e efetividade."

No dia seguinte, Betancourt encontrou os dois filhos, Melanie e Lorenzo Delloye, na Colômbia. Eles chegaram em um avião da Presidência da França acompanhados do chefe da diplomacia da França, Bernard Kouchner.

O mesmo avião partiu horas mais tarde e chegou à capital francesa na tarde da sexta-feira (4). Acompanharam Betancourt a mãe da política, Yolanda Pulecio, sua irmã Astrid Betancourt, seu marido, Juan Carlos Lecompte, e seu ex-marido Fabrice Delloye.



www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u419829.shtml

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