Um avião que decolou domingo à noite do Rio de Janeiro com destino a Houston, nos Estados Unidos, foi obrigado a fazer um pouso de emergência em Miami, na madrugada desse domingo. Vinte e oito passageiros do voo 128 da Continental Airlines ficaram feridos depois que a aeronave passou por forte turbulência, quatro deles em estado grave. Passageiros que estavam sem cinto de segurança foram projetados violentamente para cima. Com o impacto, um deles chegou a furar o teto do avião ao bater com a cabeça.
O acidente aconteceu por volta de 4h30, quando o Boeing 767 que transportava 168 passageiros e 11 tripulantes sobrevoava o Oceano Atlântico, próximo ao espaço aéreo da República Dominicana. Durante a turbulência, as máscaras de oxigênio caíram do teto do avião, que perdeu altitude durante 10 segundos.
No aeroporto de Miami os passageiros feridos foram resgatados de macas e cadeiras de rodas e levados para três hospitais da cidade. Até o fim da noite de ontem apenas um permanecia internado. A Continental não divulgou a nacionalidades dos passageiros.
O comissário de bordo brasileiro Eleison de São Christóvão, 46 anos, estava trabalhando no voo 128. Sua mãe, a aposentada Cecy de São Christóvão, 69 anos, ficou aliviada ao saber que ele está bem. O comissário revelou a ela que o avião deveria ter vindo para o Brasil sábado. Mas a viagem foi transferida para a manhã de domingo por problemas técnicos detectados na hora do embarque. "Não sei se isso influenciou no que aconteceu. Mas a gente fica preocupada", desabafou Cecy.
No desembarque, no aeroporto de Miami, passageiros se emocionavam ao reencontrar parentes e amigos. "Eu achei que fosse meu último dia. Tinha sangue à beça. É um filme de terror, mas daqueles muito fortes", desabafou a brasileira Maria Cristina.
A industriária Noemi Lima, 54 anos, que chegou domingo dos EUA, contou que passou por forte turbulência no fim de semana quando viajava de Detroit para Houston, na tarde de sábado. "O avião sacudiu muito. As bagagens de mão, comida e refrigerantes foram no teto. Uma senhora que estava no avião desmaiou e precisou ser socorrida pela tripulação", disse.
Avisos de atar cintos acesos
A companhia Continental Airlines divulgou nota informando que no momento da turbulência o avião estava na altitude correta e que os avisos de atar os cintos também estavam acesos. A empresa disponibilizou um número de telefone para atender os parentes dos passageiros.
As autoridades americanas vão investigar se houve falha nos equipamentos de segurança do avião que não detectaram a força da turbulência ou se os pilotos demoraram a avisar os passageiros. Em entrevista a O DIA, o tenente Eddy Ballester, do Corpo de Bombeiros de Miami, contou que o incidente provocou vários danos na parte interna do avião.
O diretor da Federação Nacional dos Aeronautas (Fentac), Carlos Camacho, explicou que a aeronave pode ter enfrentado uma Clear Air Turbulance (CAT) - turbulência sob céu claro - espécie de bolha de vácuo que não pode ser detectada pelo radar, ou nuvens cúmulos nimbos, causadoras das tempestades. Segundo Carlos Camacho, o uso do cinto de segurança durante todo o voo poderia ter evitado os graves ferimentos nos passageiros do voo 128 da Continental Airlines.
Falta de informações irrita parentes
Parentes dos passageiros do voo 128 que estiveram ontem no Aeroporto Internacional Tom Jobim ficaram revoltados com a falta de informações. O guichê da companhia aérea ficou fechado durante todo o dia. Ele só foi aberto no início da noite para o check-in de outro voo que decolou às 21h45, também com destino a Houston, nos EUA.
Pai da passageira Geisi Ferreira, o aposentado Jorge Ferreira, 69 anos, ficou furioso. "Eu preciso de informações oficiais. Isso é um absurdo", reclamou. Além da filha de Jorge, estavam a bordo do avião o genro e seus dois netos. Por telefone ele conseguiu falar com Geisi, que disse que todos estavam bem, apesar de o marido ter batido forte com a cabeça no teto do avião.
Turbulências violentas em voos em maio
Outra forte turbulência deixou 21 feridos dia 25 de maio. Um Airbus da TAM, vindo de Miami, já se preparava para pousar quando houve o problema. Quatro dias depois, aconteceu o mesmo no voo 507 da Lufhtansa de São Paulo para Frankfurt, Alemanha. Segundo Carlos Camacho, passageiros foram lançados, bagagens de mão voaram e os carrinhos de bebidas se soltaram. Turbulências também atingiram o voo 447, da Air France, que caiu no Atlântico matando seus 228 ocupantes dia 31 de maio.
O Dia S.A.
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