sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Eleitor vacila de novo para selar pacto com Obama










Caio Blinder, de Nova York





NOVA YORK- A pilha de pesquisas presidenciais nos últimos dias mostrando John McCain colado ou mesmo na frente de Barack Obama é um voto de louvor ao candidato republicano. Ele se descola do desacreditado governo Bush e aprofunda a estratégia de transformar a eleição de novembro em um referendo sobre o rival democrata, semeando dúvidas sobre a capacidade de Obama para governar.





É inconcebível que uma das pesquisas da semana tenha mostrado que os eleitores até confiam mais em McCain para administrar uma economia em crise. Sim, o McCain que confessou entender pouco de economia. E a economia deveria ser a cartada eleitoral do candidato democrata, como segurança nacional é a do republicano.





Afinal, o que existe de errado com Obama? Quem sabe, falte um pouco de raça. E por raça estamos falando de garra para brigar na lama antes de subir no pedestal. Seu triunfalismo, de fato, incomoda. Com tanta pose, ele vai para as alturas e aí não tem jeito. Cai. Para subir novamente, Obama precisa sujar as mãos e ele finalmente se rende ao inevitável. Existe ainda aquela atitude de estar aí para transcender a política como ela é, mas comerciais de campanha estão mais negativos e em comícios há mais ataques pessoais e até sarcasmo em relação a McCain.





Obama não pode ser Obama. McCain segue uma típica cartilha de campanha republicana, tratando o adversário democrata como intelectualizado demais para entender como as coisas de fato funcionam, distante das preocupações do cidadão comum e, no palavrão supremo, de ser um elitista. É uma narrativa ardilosa. Bush foi um mestre neste tipo de campanha em duas eleições. O filhinho de papai conseguiu se vender como um populista.





Uma gafe de McCain pode ajudar Obama a desconstruir esta narrativa republicana. McCain não identificou na quarta-feira para um repórter quantas casas ele possui. Mais tarde, a campanha disse que são pelo menos quatro. A rigor são oito, em um patrimônio construído com a fortuna da mulher Cindy, herdeira de um negócio de distribuição de cerveja. Obama foi à carga disparando que McCain está distante das aflições nacionais, pois milhões de americanos estão tendo dificuldades para pagar a prestação da casa própria, com o aumento do número de despejos.





Claro que um tom mais combativo e gafes de McCain não bastam para Obama dar uma arrancada nas pesquisas, como se esperava semanas atrás. Como nas primárias democratas quando derrotou Hillary Clinton, Barack Obama é a novidade que gera entusiasmo, mas também sobressaltos. Pouco antes do início da convenção partidária que irá coroar o candidato democrata, o eleitor vive esta agonia. Ele não consegue selar um pacto de confiança com Obama, ao mesmo tempo em que não se impressiona com os méritos de McCain.






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