terça-feira, 24 de junho de 2008

Tsvangirai se refugiou por medo do povo, diz Mugabe








Tsvangirai se refugiou por medo do povo, diz Mugabe







Agencia Estado








O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, negou hoje que seu opositor, Morgan Tsvangirai, esteja em perigo no país. "Ele está com medo do povo e, por isso, teve de procurar refúgio na embaixada holandesa, mas para quê?", disse Mugabe, dirigindo-se ao líder do Movimento pela Mudança Democrática (MMD). "Essas multidões são eleitores que não lhe farão mal físico e sim político porque votarão contra você, mas ninguém quer matar Tsvangirai."







As declarações de Mugabe vieram um dia depois da Embaixada da Holanda em Harare afirmar que Tsvangirai procurou refúgio no local no domingo, quando anunciou que abandonaria a disputa presidencial de sexta-feira. O opositor, que não pediu asilo político, disse hoje que espera deixar em breve o local. "Asseguraram para mim que já não há ameaças e assim que for seguro deixarei a embaixada", afirmou Tsvangirai, que disse ter escolhido o prédio holandês por considerar o país "muito amigável."







George Sibotshiwe, porta-voz do opositor, explicou hoje que Tsvangirai procurou proteção no domingo após receber informações de que soldados estavam a caminho de sua casa. Outra fonte do MMD afirmou que Tsvangirai buscou refúgio depois de saber que três de seus guarda-costas haviam sido presos. "No momento em que você tem soldados vindo na sua direção, você apenas corre por sua vida", afirmou Sibotshiwe, de Angola. O porta-voz fugiu do Zimbábue no começo da semana por medo de ser atacado por militantes do partido de Mugabe.







Ele afirmou que muitos integrantes do MMD também estão escondidos e os que ainda estão no país decidiram trabalhar de casa por medo de serem presos pelo governo. O número 2 do MMD, Tendai Biti, está preso desde o dia 12, acusado de traição.







Organizações de direitos humanos acusam Mugabe pela onda de violência que toma conta do país. O MMD afirma que mais de 90 de seus partidários foram mortos por militantes da União Nacional Africana do Zimbábue - Frente Patriótica (Zanu-PF), de Mugabe. Milícias pró-governo e outros grupos armados, como os veteranos da guerra da independência - além do próprio presidente -, deixaram claro em várias oportunidades que qualquer um que votasse na oposição no segundo turno das eleições correria o risco de ser assassinado.







Na semana passada, o presidente reiterou que o Zimbábue "jamais" seria governado pelo MMD e afirmou que Deus o havia escolhido para dirigir o país e "somente Deus" poderia retirá-lo do poder.







Pressão Externa

O presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, e o presidente do Congresso Nacional Africano (CNA), Jacob Zuma, aconselharam o adiamento do segundo turno no Zimbábue depois da retirada formal de Tsvangirai da disputa. O CNA, porém, rejeitou uma intervenção diplomática para solucionar a crise, alegando que isso poderia intensificar o problema.







O Conselho de Segurança da ONU também emitiu uma condenação unânime da violência no país e afirmou que vai considerar medidas contra o governo se Harare ignorar seu documento. Mugabe ignorou os pedidos e disse que o mundo não pode impedir a votação. "O Ocidente pode gritar o quanto quiser", afirmou. "A eleição acontecerá e aqueles que quiserem reconhecer nossa legitimidade podem fazê-lo, aqueles que não quiserem, não reconheçam."






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