quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Ahmadinejad rejeita relatório e diz que Irã não vai recuar em programa nuclear

Presidente iraniano nega acusação da agência nuclear da ONU de que seu governo trabalha para desenvolver armas atômicas


O presidente do Irã, Mahmoud Ajmadinejad, disse que o país não vai recuar em seu programa nuclear, um dia após um relatório da ONU afirmar que o governo iraniano trabalha para desenvolver armas atômicas. O líder voltou a negar as acusações.

“Não vamos recuar no caminho que estamos seguindo”, afirmou Ahmadinejad em um pronunciamento para milhares de espectadores em Sharhr-e-Kord, e transmitido ao vivo pela TV estatal. “Por que a agência nuclear da ONU arruína seu prestígio com afirmações absurdas dos Estados Unidos?”, questionou.


Foto: AFP
Ahmadinejad cumprimenta partidários antes de pronunciamento em Sharhr-e-Kord, no Irã


“Nossa nação é sábia. Não vamos construir duas bombas atômicas contra as 20 mil que vocês têm”, afirmou, aparentemente se dirigindo aos países ocidentais. “Mas construímos coisas às quais vocês não conseguem responder: ética, decência, monoteísmo e justiça.”

Na terça-feira, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou pela primeira vez que o Irã é suspeito de conduzir experimentos secretos cujo único propósito é o desenvolvimento de armas nucleares.

A conclusão está em relatório que circulou para seus 35 membros e para o Conselho de Segurança da ONU. De acordo com o documento, enquanto parte do trabalho nuclear secreto do Irã pode ter propósitos pacíficos, "outros são específicos para armas nucleares".

Um anexo de 13 páginas ao relatório da agência sobre o Irã detalha inteligência e pesquisa da AIEA que mostram que Teerã trabalha em todos os aspectos de pesquisa com o objetivo de construir uma arma, incluindo produzir uma ogiva para um míssil.


França defende sanções

Nesta quarta-feira, o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, defendeu uma nova rodada de sanções da ONU ao Irã por causa do relatório.

"Estamos determinados a reagir. O Conselho de Diretores da AIEA deve condenar explicitamente a conduta do Irã, e também se impõe a convocação do Conselho de Segurança", declarou Juppé à Rádio

França Internacional.

"O relatório da AIEA mostra que o Irã continua com suas atividades e continua se negando a dialogar de forma transparente com a AIEA sobre todas as tecnologias que permitam fabricar uma arma atômica", destacou. "Essa situação é inaceitável".

O representante do Irã na AIEA, Ali Asghar Soltaniyeh, ecoou o pronunciamento de Ahmadinejad e disse que o país “jamais abandonará seu direito legítimo em termos nucleares”. Ele acrescentou, porém, que o governo pretende “continuar respeitando suas obrigações” e colaborando com a agência da ONU.

Soltanyeh disse que o relatório divulgado na terça-feira "não têm nada de novo”. "Voltamos às velhas alegações”, afirmou. "O Irã já provou que as alegações dos Estados Unidos não têm fundamento e que nos últimos oito anos não emergiu qualquer prova do uso militar de material nuclear".


Israel

Com especulações de que Israel estuda uma resposta militar, o relatório abre um novo caminho de confronto entre o Ocidente e o Irã.

Nesta quarta-feira, o chefe-adjunto de Estado-Maior das Forças Armadas iranianas, general Masud Jazayeri, ameaçou destruir Israel se seguir em frente no suposto plano de atacar instalações nucleares do Irã.

"O centro (nuclear israelense) de Dimona é o local mais acessível para o qual podemos apontar. Ante uma ação de Israel, veremos sua destruição", advertiu o general Jazayeri, citado pela televisão iraniana em idioma árabe Al Alam.

O presidente israelense Shimon Peres advertiu no domingo que a possibilidade de um ataque militar contra o Irã é maior que a de uma ação diplomática.

"A possibilidade de um ataque militar contra o Irã parece mais próxima que a opção diplomática", afirmou o presidente em declarações ao jornal Israel Hayom. "Não acredito que já tenha sido tomada uma decisão a respeito, mas dá a impressão de que os iranianos vão se aproximando da bomba atômica", acrescentou.






Com AP, EFE, AFP e Reuters





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