quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ponte cai em cidade gaúcha e há pelo menos 5 desaparecidos


Cerca de 30 estavam no local, no município de Agudo, e 8 foram resgatadas do Rio Jacuí
Carlos Etchichury, Humberto Trezzi



AGÊNCIA RBS
Depois de provocar deslizamentos e mortes no Sudeste, a chuva ontem provocou mortes e destruição principalmente na região central do Rio Grande do Sul. Uma ponte ruiu no município de Agudo, lançando nas águas revoltas do Rio Jacuí dezenas de pessoas. Até o fim da tarde, quando foram suspensas as buscas, pelo menos oito vítimas haviam sido resgatadas com vida por helicópteros e cinco eram consideradas desaparecidas pela Defesa Civil, mas fontes no local admitem que o número pode ser maior. As enxurradas ainda deixaram duas mortes confirmadas, fecharam total ou parcialmente 21 rodovias e forçaram mais de mil pessoas a abandonar as casas.

Por volta das 8h30min, dezenas de pessoas se aglomeravam sobre a ponte da RSC-287, próximo ao limite entre Agudo e Restinga Seca, para assistir ao efeito das mais de 30 horas de chuva intensa sobre o Jacuí. O mau tempo fez o rio transbordar e se transformar em uma forte corrente d"água. Entre os moradores presentes estavam o agricultor Omar Wilhelm, de 49 anos, e sua mulher, Ilone, de 47.

Logo depois de Ilone se afastar do meio da ponte, Wilhelm ouviu um ruído. Pareceu-lhe o som de alguma coisa "trincando". Sob o olhar horrorizado da mulher, sentiu o asfalto se esfacelar a seus pés. Naquele instante, ruíam cerca de cem metros da ponte - cerca de um terço do comprimento da travessia. Junto com ela, o agricultor, pelo menos duas dezenas de pessoas e dois ou três veículos despencaram no rio.

"Levantou muita água, e eu fui para o fundo. Numa dessas, vi uma luz e tentei me agarrar em alguma coisa. Encontrei um galho de árvore e fiquei agarrado até o resgate chegar", relatou Wilhelm. 

Outras pessoas também conseguiram se agarrar a galhos ou nadar até a margem. Como funcionários da prefeitura de Agudo se encontravam no local, o socorro foi quase imediato. Eles requisitaram a ajuda de pescadores, que lançaram seus barcos na água. Um número incerto de vítimas foi arrastado pela correnteza e desapareceu em meio à água lodosa da enchente. 

O Comandante-geral da Brigada Militar, coronel João Carlos Trindade, levou menos de 20 minutos para se deslocar de Candelária, onde se encontrava com um helicóptero, e emprestar o aparelho para buscas. Antes do final da manhã, quatro helicópteros - dois da BM e dois da Força Aérea Brasileira - percorriam a região. A partir do relato de pilotos, a Base Aérea de Santa Maria chegou a divulgar a ocorrência de sete mortes, mas a informação não foi confirmada posteriormente. A governadora Yeda Crusius sobrevoou a região mais afetada pelas inundações durante a tarde e ficou impressionada.

No dia 14, técnicos e gestores gaúchos vão fazer uma reunião sobre as mudanças climáticas e, ao final do dia, deverão apresentar à governadora um diagnóstico da situação no Estado e sugestões de medidas de prevenção de enchentes. Entre elas, deverão estar a recuperação dos leitos e das margens de rios. 

AS PERDAS

A queda da ponte -que tinha 46 anos de uso - foi o ápice de uma série de danos provocados pelas chuvaradas que castigam o Rio Grande do Sul desde domingo. Conforme boletim da Defesa Civil, as inundações forçaram 1.026 pessoas a abandonar suas casas e, apenas ontem, interromperam total ou parcialmente 21 rodovias. O governo estadual prometeu liberar R$ 500 mil para cada prefeitura que tiver registro de prejuízos formalizado junto à Defesa Civil.

MAIS MORTES

Ontem também foi localizado o corpo de duas vítimas que estavam desaparecidas. Os bombeiros localizaram o corpo do agricultor Hari Kappaun, em Candelária, região central. Anteontem, ele tentava retirar o gado do pasto quando ficou ilhado pelas águas do Rio Pardo. Outras três pessoas que estavam com ele foram salvas. Candelária foi uma das cidades mais afetadas pelas fortes chuvas registradas no Estado nos últimos dias. 

Em Espumoso, no norte do Estado, também foi localizado o corpo do agricultor Ronaldo Alexandre Rodrigues, de 39 anos, arrastado pela correnteza do Rio Butiá. Ele tentava rebocar o carro, que parou de funcionar, quando foi levado pelas águas. Na cidade, o secretário da Administração, Albino dos Santos, informou que duas pontes municipais caíram e uma estadual foi interditada, em decorrência das cheias. 

Com Sandra Hahn


www.estadao.com.br






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